OBJETIVO Analisar diferenças de gênero na incidência e determinantes de incapacidade em atividades instrumentais de vida diária em idosos. MÉTODOS Os dados são provenientes do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento. Em 2000, 1.034 idosos sem dificuldades nas atividades instrumentais de vida diária foram selecionados. As características verificadas na linha de base foram: sociodemográficas, comportamentais, estado de saúde, quedas e fraturas, internações, sintomas depressivos, cognição, força, mobilidade, equilíbrio e percepção de visão e audição. Atividades instrumentais, como fazer compras, cuidar do próprio dinheiro e da própria medicação, utilizar meios de transporte e telefone, foram reavaliadas em 2006 e os casos incidentes de incapacidade foram considerados como desfecho. RESULTADOS A densidade de incidência de incapacidade em atividades instrumentais de vida diária foi de 44,7/1.000 pessoas/ano para mulheres e 25,2/1.000 pessoas/ano para homens. A razão da densidade de incidência entre mulheres e homens foi 1,77 (IC95% 1,75;1,80). Após ajuste por condições socioeconômicas e clínicas, a razão da densidade de incidência foi 1,81 (IC95% 1,77;1,80), mostrando que mulheres com doenças crônicas e maior vulnerabilidade social apresentaram maior densidade de incidência de incapacidade em atividades instrumentais de vida diária. Foram determinantes da incidência de incapacidade: idade ≥ 80 anos e pior percepção de audição em ambos os sexos; acidente vascular encefálico entre homens e idade entre 70-79 anos entre mulheres. Melhor desempenho cognitivo foi fator protetor em ambos os sexos e melhor equilíbrio para mulheres. CONCLUSÕES A maior densidade de incidência de incapacidade em mulheres foi mantida mesmo após ajuste por condições clínicas e sociais adversas. Além da idade, o pior desempenho cognitivo e condições que adversamente afetam a comunicação incapacitam ambos os gêneros. Eventos agudos, como o acidente vascular cerebral, incapacitam mais os homens, enquanto déficit precoce no equilíbrio incapacita mais as mulheres.
OBJECTIVE To analyze gender differences in the incidence and determinants of disability regarding instrumental activities of daily living among older adults. METHODS The data were extracted from the Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE – Health, Wellbeing and Ageing) study. In 2000, 1,034 older adults without difficulty in regarding instrumental activities of daily living were selected. The following characteristics were evaluated at the baseline: sociodemographic and behavioral variables, health status, falls, fractures, hospitalizations, depressive symptoms, cognition, strength, mobility, balance and perception of vision and hearing. Instrumental activities of daily living such as shopping and managing own money and medication, using transportation and using the telephone were reassessed in 2006, with incident cases of disability considered as the outcome. RESULTS The incidence density of disability in instrumental activities of daily living was 44.7/1,000 person/years for women and 25.2/1,000 person/years for men. The incidence rate ratio between women and men was 1.77 (95%CI 1.75;1.80). After controlling for socioeconomic status and clinical conditions, the incidence rate ratio was 1.81 (95%CI 1.77;1.84), demonstrating that women with chronic disease and greater social vulnerability have a greater incidence density of disability in instrumental activities of daily living. The following were determinants of the incidence of disability: age ≥ 80 and worse perception of hearing in both genders; stroke in men; and being aged 70 to 79 in women. Better cognitive performance was a protective factor in both genders and better balance was a protective factor in women. CONCLUSIONS The higher incidence density of disability in older women remained even after controlling for adverse social and clinical conditions. In addition to age, poorer cognitive performance and conditions that adversely affect communication disable both genders. Acute events, such as a stroke, disables elderly men more, whereas early deficits regarding balance disable women more.