OBJETIVO: Estimar a prevalência e analisar fatores associados à utilização de serviços médicos no sistema público de saúde. MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional, com 2.706 indivíduos de 20 a 69 anos, de Pelotas, RS, em 2008. Foi adotada amostragem sistemática com probabilidade proporcional ao número de domicílios por setor. O desfecho foi definido pela combinação das perguntas relacionadas à consulta médica nos últimos três meses e local. As variáveis de exposição foram: sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda familiar, internação hospitalar auto-referida no último ano, existência de médico definido para consultar, autopercepção de saúde e o principal motivo da última consulta. A análise descritiva foi estratificada por sexo e a estatística analítica incluiu o uso do teste de Wald para tendência e heterogeneidade na análise bruta e regressão de Poisson com variância robusta na análise ajustada, levando-se em consideração a amostragem por conglomerados. RESULTADOS: A prevalência de utilização de serviços médicos nos últimos três meses foi de 60,6%, quase a metade (42,0%, IC95% 36,3;47,5) em serviços públicos. Os serviços públicos mais utilizados foram os postos de saúde (49,5%). Na análise ajustada e estratificada por sexo, homens com idade avançada e mulheres mais jovens tiveram maior probabilidade de utilizarem os serviços médicos no sistema público. Em ambos os sexos, baixa escolaridade, renda familiar per capita, inexistência de médico definido para consultar e internação hospitalar no último ano estiveram associados ao desfecho. CONCLUSÕES: Apesar de expressiva redução na utilização de serviços médicos de saúde no sistema público nos últimos 15 anos, os serviços públicos têm atingido uma parcela anteriormente desassistida (indivíduos com baixa renda e escolaridade).
OBJECTIVE: To estimate the prevalence and analyze factors associated with the utilization of medical services in the public health system. METHODS: Cross-sectional population-based study with 2,706 individuals aged 20-69 years carried out in Pelotas, Southern Brazil, in 2008. A systematic sampling with probability proportional to the number of households in each sector was adopted. The outcome was defined by the combination of the questions related to medical consultation in the previous three months and place. The exposure variables were: sex, age, marital status, level of schooling, family income, self-reported hospital admission in the previous year, having a regular physician, self-perception of health, and the main reason for the last consultation. Descriptive analysis was stratified by sex and the analytical statistics included the use of the Wald test for tendency and heterogeneity in the crude analysis and Poisson regression with robust variance in the adjusted analysis, taking into consideration cluster sampling. RESULTS: The prevalence of utilization of medical services in the three previous months was 60.6%, almost half of these (42.0%, 95%CI: 36.6;47.5) in public services. The most utilized public services were the primary care units (49.5%). In the adjusted analysis stratified by sex, men with advanced age and young women had higher probability of using the medical services in the public system. In both sexes, low level of schooling, low per capita family income, not having a regular physician and hospital admission in the previous year were associated with the outcome. CONCLUSIONS: Despite the expressive reduction in the utilization of medical health services in the public system in the last 15 years, the public services are now reaching a previously unassisted portion of the population (individuals with low income and schooling).
OBJETIVO: Estimar la prevalencia y analizar factores asociados a la utilización de servicios médicos en el sistema público de salud. MÉTODOS: Estudio transversal de base poblacional, con 2.706 individuos de 20 a 69 años de Pelotas, Sur de Brasil, en 2008. Se adoptó muestreo sistemático con probabilidad proporcional al número de domicilios por sector. El resultado fue definido por la combinación de las preguntas relacionadas con la consulta médica en los últimos tres meses y local. Las variables de exposición fueron: sexo, edad, estado civil, escolaridad, renta familiar, internación hospitalaria auto-referida en el último año, existencia de médico definido para consultar, auto-percepción de salud, y el principal motivo de la última consulta. El análisis descriptivo fue estratificado por sexo y la estadística analítica incluyó el uso del test de Wald para tendencia y heterogeneidad en el análisis bruto y regresión de Poisson con varianza robusta en el análisis ajustado, tomando en consideración el muestreo por conglomerados. RESULTADOS: La prevalencia de utilización de servicios médicos en los últimos tres meses fue de 60,6%, casi la mitad (42,0%, IC 95%: 36,6;47,5) en servicios públicos. Los servicios públicos más utilizados fueron los puestos de salud (49,5%). En el análisis ajustado y estratificado por sexo, hombres con edad avanzada y mujeres más jóvenes tuvieron mayor probabilidad de utilizar los servicios médicos en el sistema público. En ambos sexos, baja escolaridad, renta familiar per capita, inexistencia de médico definido para consultar e internación hospitalaria en el último año estuvieron asociados a la utilización de servicios médicos públicos. CONCLUSIONES: A pesar de expresiva reducción en la utilización de servicios médicos de salud en el sistema público en los últimos 15 años, los servicios públicos han alcanzado una parcela anteriormente desasistida (individuos con baja renta y escolaridad).