ABSTRACT There is a great diversity of ways in which the traditional peoples of the Amazon process and consume plant species, which unfolds in different ways of knowing, producing and promoting the biodiversity of the forest. A wealth of techniques, built up over time and connected to cosmological formulations, have been and are used to transform plants in a wide range of ways, whether they are cultivated or not, domesticated or wild, from farming or gathering, native or exotic, from the fields, the forest. In this work, we present a selection of three plant species - açaí (Euterpe sp), mairá potato (Casimirela sp) and umari (Poraqueiba sericea) - looking at the ways in which they are technically transformed in order to obtain key ingredients (gum and dough) or to change the state of the plant material (smoking, fermentation). Indigenous peoples conceptual and practical elaboration of fruit is expressed not only in the material ways in which it is processed, but also in cosmologies and rites, as we tried to show in our analysis of the umari among the Tukano peoples. This cultivated and uncultivated fruit, present in the capoeiras and in the forest, and its various forms of processing help us to think about how technique presents itself as a useful tool for dissolving antinomies adopted historically to talk about the intertwined relationship between indigenous peoples and the Amazon Forest. knowing forest techniques formulations wild gathering exotic fields work Euterpe sp, sp , Casimirela Poraqueiba sericea gum dough smoking, smoking (smoking fermentation. fermentation . fermentation) processed rites Forest
RESUMO Há uma grande diversidade de modos de processar e consumir as espécies vegetais pelos povos tradicionais da Amazônia, o que se desdobra em distintos modos de conhecer, produzir e promover a biodiversidade da floresta. A riqueza de técnicas, construída ao longo do tempo e conectada às formulações cosmológicas, foi e é empregada nas transformações de plantas de modo amplo, cultivadas ou não, domesticadas ou silvestres, da agricultura ou da coleta, nativas ou exóticas, da roça, da floresta ou da capoeira. Neste trabalho, apresentamos um recorte sobre três espécies vegetais - o açaí (Euterpe sp.), a batata mairá (Casimirella sp.) e o umari (Poraqueiba sp.) -, observando os modos de transformação técnica que permitem a obtenção de ingredientes fundamentais (a goma e a massa) ou a alteração dos estados da matéria vegetal (defumação, fermentação). A elaboração conceitual e prática dos povos indígenas sobre os frutos está expressa não apenas nos modos materiais de transformação, mas também nas cosmologias e nos ritos, como procuramos evidenciar na análise sobre o umari entre os povos tukano. Esse fruto cultivado e não cultivado, presente nas capoeiras e na floresta, e suas diversas formas de processamento nos ajudam a pensar como a técnica se apresenta como uma profícua ferramenta de dissolução de antinomias adotadas historicamente para falar da imbricada relação dos povos indígenas com a floresta amazônica. Assim compreendidos, como uma cosmotécnica, os modos de transformar os vegetais são um exemplo cabal de práticas antiantropocênicas, uma vez que sua orientação se assenta numa episteme indígena equiestatutária entre as espécies e outros sujeitos habitantes da Terra. Amazônia conhecer técnicas cosmológicas amplo silvestres coleta exóticas roça capoeira trabalho Euterpe sp., sp sp. , Casimirella Poraqueiba massa defumação, defumação (defumação fermentação. fermentação . fermentação) ritos tukano amazônica compreendidos cosmotécnica antiantropocênicas Terra