RESUMO Introdução: O acidente vascular cerebral não especificado (AVC-NE) é de grande relevância nas estatísticas de mortalidade, sendo a quarta maior causa de morte no Brasil. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil de causas reclassificadas após investigação de óbitos por AVC-NE no Brasil. Métodos: Foram selecionados todos os óbitos registrados em 2017 no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) como AVC-NE, considerados códigos garbage. As causas específicas, detectadas após investigação em 60 cidades selecionadas, foram analisadas segundo idade e sexo. Resultados: Do total de óbitos por AVC-NE das 60 cidades (n = 11.289), foram investigados 25,8%, dos quais 56,3% foram reclassificados para AVC isquêmico, 12,7% para AVC hemorrágico, e 23,3% migraram para outras causas específicas, como diabetes e doença renal crônica, em ambos os sexos. Discussão: A maior proporção de reclassificação dos óbitos por AVC-NE para AVC isquêmico em relação ao hemorrágico era esperada. No entanto, a detecção de outras causas específicas fora do grupo de AVC indica possíveis problemas de qualidade do preenchimento das causas na declaração de óbito (DO). Conclusão: As investigações realizadas permitiram identificação de subgrupos de AVC. Além da investigação, entretanto, é importante realizar capacitação com médicos para o preenchimento adequado da DO, a fim de melhorar as estimativas da mortalidade por AVC específico e possibilitar direcionamento adequado das ações e dos serviços de saúde.
ABSTRACT Introduction: Unspecified stroke (UnST) is of great importance in mortality statistics, as it is the fourth leading cause of death in Brazil. The objective of this study was to identify the profile of reclassified causes of death after investigation of deaths caused by UnST in Brazil. Methods: All deaths registered as UnST in 2017 in the Mortality Information System (SIM) were considered as garbage codes. The specific causes, detected after investigation in 60 selected cities, were analyzed by age and sex. Results: Of the total deaths due to UnST identified in these 60 cities (n = 11,289), 25.8% were investigated. Of these, 56.3% were reclassified to ischemic stroke, 12.7% to hemorrhagic stroke, and 23.3% to other specific causes, such as diabetes and chronic kidney disease, in both sexes. Discussion: The higher proportion of deaths due to ischemic stroke in comparison to hemorrhagic stroke was expected. However, the detection of other specific causes outside the stroke group indicates possible quality problems in the filling of death certificate (DC). Conclusion: The investigations allowed the identification of subgroups of deaths due to stroke. In addition to the research, however, it is important to conduct physician training in the adequate filling in of the DC, in order to improve estimates of specific stroke mortality, and to enable appropriate targeting of health actions and services.