RESUMO Os títulos nobiliárquicos de Pedro Taques de Almeida Paes Leme, de meados do século XVIII até sua morte, em 1777, foram redigidos durante período de intensa redefinição do papel da capitania de São Paulo em relação à Coroa e à América portuguesa como um todo. Após o período de submissão administrativa ao Rio de Janeiro (1748-1765) e em meio às negociações das fronteiras entre as colônias ultramarinas portuguesa e espanhola para a assinatura e implementação do Tratado de Madrid (1750), os paulistas viam-se em posição renovada e almejavam ampliar os reconhecimentos de seus feitos e, assim, as benesses que poderiam emergir. Nessa articulação entre política, território e as antigas e atuais relações com grupos indígenas, Taques escreve centenas de solicitações de reconhecimento de nobreza para as principais famílias paulistas. A análise sistemática da totalidade dos títulos genealógicos remanescentes desse conjunto permite divisar as estratégias narrativas de tais pedidos e os significados que construíram para um grupo específico e limitado dentro dessa população: os “paulistas”. Este artigo apresenta o exame dos textos genealógicos, em sua redação e pela extração de dados quantitativos, circunscrevendo a fixação de certos valores, antecedentes e hábitos que serão atribuídos exclusivamente a esses “paulistas” - e não à totalidade da população desse território -, buscando subverter séculos de lendas e documentos que os classificavam como violentos, cruéis e insubordinados. Ressalto, ainda, como essa operação será fundamental na configuração posterior da mitologia bandeirante, que generaliza a associação entre esses homens e o ímpeto comum dos paulistas. Leme morte 1777 todo 17481765 1748 1765 (1748-1765 1750, 1750 , (1750) viamse viam se assim emergir política indígenas . quantitativos valores “paulistas violentos insubordinados Ressalto ainda bandeirante 177 1748176 174 176 (1748-176 175 (1750 17 174817 (1748-17 (175 1 17481 (1748-1 (17 (1748- (1 (1748 ( (174
ABSTRACT Pedro Taques de Almeida Paes Leme’s nobility titles, dated from mid-18th century until his death, in 1777, were written during a period of intense redefinition of the captaincy of São Paulo’s relations with the Portuguese Crown and the colony as a whole. After its administrative subordination to Rio de Janeiro (1748-1765) and amidst border negotiations between Spanish and Portuguese America for the signing and implementation of the Treaty of Madrid (1750), the Paulistas (inhabitants of São Paulo) sought to expand the recognition of their conquests and consequently gain more benefits. Articulating politics, territorial definitions, and both past and contemporary relations with indigenous groups, Taques writes hundreds of requests for recognition of nobility for the main families of São Paulo. By systematically analyzing the remaining genealogies, one can observe the narrative strategies employed by such requests and the built-in meanings of a particular and limited group within this population: the “paulistas”. This paper examines these nobility titles in their writing and by extraction of quantitative data, circumscribing the establishment of certain values, backgrounds and habits exclusively to said “paulistas”-and not to all the captaincy population-, subverting century old legends and documents that painted them as a violent, cruel, and insubordinate group. Lastly, this resignification will be instrumental to the 20th century historical construction of the bandeirante mythology, which generalizes the association between these men and a common ethos shared by all paulistas. Lemes Leme s mid18th midth mid 18th th death 1777 Paulos Paulo whole 17481765 1748 1765 (1748-1765 1750, 1750 , (1750) inhabitants benefits politics definitions groups genealogies builtin built population paulistas . “paulistas” data values paulistasand population, population- violent cruel Lastly mythology 177 1748176 174 176 (1748-176 175 (1750 “paulistas 17 174817 (1748-17 (175 1 17481 (1748-1 (17 (1748- (1 (1748 ( (174