Resumo Trata-se de ensaio que discute possibilidades de conexões conceituais e práticas entre as noções de linha do cuidado e de itinerários terapêuticos, a partir dos aportes teóricos que embasam a Linha do Cuidado Integral em Saúde e das abordagens hermenêuticas sobre o Cuidado. Vislumbra-se a implementação de linhas do cuidado afinadas com as necessidades de saúde – individuais e coletivas – a partir da construção de projetos terapêuticos, na medida em que privilegiam as particularidades de cada situação na pactuação de fluxos de consultas, exames e demais procedimentos. O projeto terapêutico, tomado como arranjo, estratégia, dispositivo ou dimensão basilar do Cuidado no processo de trabalho em saúde, pode ser concebido como imagem que desenha uma possibilidade de futuro, este, por sua vez, uma projeção condicionada por experiências prévias – de saúde, de doença, de vida. Da crítica aos modelos explicativos, pregnantes nos estudos sobre itinerários terapêuticos, defende-se o investimento em abordagens que privilegiam a interpretação e a compreensão, capazes de recuperar, contextualizar e reconstruir as trajetórias, a partir dos sujeitos implicados no processo do cuidado.
Abstract This essay discusses the possibilities of conceptual and practical connections between the ideas of line of care and therapeutic itineraries, beginning with the theoretical contributions that lay the foundations for the Line of Integrated Healthcare and the hermeneutic approaches to Care. The implementation of lines of care tuned to individual and collective health needs can be glimpsed in the construction of therapeutic projects, inasmuch as they privilege the particularities of each situation in the agreement of flows of appointments, exams, and other procedures. The therapeutic project – taken as an arrangement, strategy, device, or basic dimension of Care in the work process in health - can be seen as an image that lays out a possibility of the future, which in turn is a projection conditioned by past experiences of health, illness, and life. From the criticism of explanatory models, preponderant in the studies of therapeutic itineraries, we defend the investment in approaches that privilege interpretation and understanding, capable of recuperating, contextualizing, and reconstructing trajectories, beginning with the subjects involved in the care process.