RESUMO: As zonas costeiras detêm locais privilegiados ou únicos, caracterizando um monopólio espacial de certas atividades, como a industrial-portuária e a turística. Não obstante, as práticas espaciais inerentes a este processo, podem gerar conflitos socioambientais. É o que vem ocorrendo em Pontal do Paraná, litoral paranaense, onde o processo de territorialização industrial-portuária gerou um conflito socioambiental entre atores sociais com diferentes interesses no território e nos bens naturais. Em uma primeira incursão a campo, verificou-se que o turismo era acionado pelos atores sociais como uma estratégia argumentativa para respaldar seus discursos e interesses. Esse foi o fio condutor da presente pesquisa, que foi delineada tendo como objetivo identificar e categorizar o discurso dos atores sociais envolvidos no conflito socioambiental deflagrado pela expansão industrial-portuária, com ênfase no turismo. Para isso, foi realizada uma pesquisa empírica, utilizando-se da pesquisa documental, de entrevistas semiestruturadas e observação. Os dados foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva (ATD), pela qual constatou-se a existência de quatro discursos, sendo dois favoráveis à territorialização industrial-portuária, um contrário e um categorizado como do “caminho do meio”. Esses grupos, em exceção às comunidades tradicionais, utilizam-se do turismo como argumento legitimador de seus posicionamentos e discursos. De forma geral, verifica-se que há uma disputa entre uma zona de sacrifício e a continuidade de uma “periferia do prazer”.
ABSTRACT: Coastal zones have privileged or unique locations, featuring a spatial monopoly of certain activities, such as industrial-port and tourism. Nevertheless, the spatial practices inherent in this process, can generate socio-environmental conflicts. This is what has been happening in Pontal do Paraná (Paraná), where the process of industrial-port territorialization has been in conflict with other uses, such as tourism. In a preliminary research it was found that tourism was used by the social actors as an argumentative strategy to support their discourses and interests. This was the guiding thread of the present research, that aims to identify and categorize the discourse of the social actors involved in the socio-environmental conflict triggered by the industrial-port expansion, with emphasis on tourism. The information collected was analyzed using Discursive Textual Analysis (ATD), which revealed the existence of four discourses, two in favor of industrial-port territorialization, one against and one categorized as the “middle way”. These groups, with the exception of traditional communities, use tourism as a legitimizing argument for their positions and discourses. In general, it appears that there is a dispute between a sacrifice zone and the continuity of a “periphery of pleasure”.
RESUMEN: Las zonas costeras tienen ubicaciones privilegiadas o únicas, caracterizando un monopolio espacial de ciertas actividades, como la industrial-portuaria y el turismo. Sin embargo, las prácticas espaciales inherentes a este proceso pueden generar conflictos socioambientales. Esto es lo que viene sucediendo en Pontal do Paraná, en la costa de Paraná, donde el proceso de territorialización industrial-portuaria ha generado un conflicto socioambiental entre actores sociales con diferentes intereses en el territorio y en los bienes naturales. En una investigación preliminar, se encontró que el turismo fue utilizado por los actores sociales como una estrategia argumentativa para sustentar sus discursos e intereses. Este fue el hilo conductor de la presente investigación, que fue diseñada con el objetivo de identificar y categorizar el discurso de los actores sociales involucrados en el conflicto socioambiental desencadenado por la expansión industrial-portuaria, con énfasis en el turismo. Para ello, se realizó una investigación empírica, utilizando investigación documental, entrevistas semiestructuradas y observación. Los datos fueron analizados mediante Análisis Textual Discursivo (ATD), a través del cual se encontró la existencia de cuatro discursos, siendo dos favorables a la territorialización industrial-portuaria, uno en contra y uno categorizado como “vía intermedia”. Estos grupos, con excepción de las comunidades tradicionales, utilizan el turismo como argumento legitimador de sus posiciones y discursos. En general, parece que existe una disputa entre una zona de sacrificio y la continuidad de una “periferia de placer”.