OBJETIVO : Estimar a frequência e caracterizar os eventos adversos a medicamentos em hospital de cuidados terciários. MÉTODOS : Revisão retrospectiva de 128 prontuários de hospital do Rio de Janeiro, em 2007, representando 2.092 pacientes. A ferramenta utilizada foi uma lista de rastreadores, como antídotos, análises laboratoriais com resultados anormais, suspensão brusca de medicação e outros. Foi extraída amostra aleatória simples daqueles pacientes com 15 anos ou mais de idade. Foram excluídos pacientes oncológicos e da obstetrícia, e os internados por menos de 48 horas ou na emergência. Os pacientes com e sem eventos adversos a medicamentos foram comparados quanto a características sociais, demográficas e de doenças, para testar as diferenças entre os grupos. RESULTADOS : Cerca de 70,0% dos prontuários apresentaram no mínimo um rastreador. A capacidade dos rastreadores de identificar eventos adversos a medicamentos foi 14,4%. A incidência de eventos adversos a medicamentos foi 26,6/100 pacientes. Foram identificados um ou mais eventos em 15,6% dos pacientes. O tempo mediano de permanência hospitalar foi 35,2 dias para os pacientes com eventos adversos a medicamentos e 10,7 dias para os demais (p < 0,01). As classes de medicamentos mais envolvidos foram as que atuam sobre o aparelho cardiovascular e sobre o sistema nervoso, e os do trato digestivo e metabolismo. Os fármacos mais imputados foram: tramadol, dipirona, glibenclamida e furosemida. Do total de eventos, 82,0% contribuíram ou provocaram danos temporários ao paciente e demandaram intervenção, e 6,0% podem ter contribuído para o óbito do paciente. Estima-se que o hospital apresente, anualmente, 131 eventos de sonolência e lipotimia, 33 quedas e 33 hemorragias potencialmente associados aos medicamentos. CONCLUSÕES : Quase 1/6 dos pacientes internados apresentou um evento adverso a medicamentos (16,0%). A ferramenta estudada pode ser útil como técnica de monitoramento e avaliação do resultado dos cuidados aos pacientes internados. A revisão da terapia com psicotrópicos merece ser feita, dada a frequência de eventos associados, como sedação excessiva, letargia, queda e hipotensão.
OBJECTIVE : To estimate the frequency of and to characterize the adverse drug events at a terciary care hospital. METHODS : A retrospective review was carried out of 128 medical records from a hospital in Rio de Janeiro in 2007, representing 2,092 patients. The instrument used was a list of triggers, such as antidotes, abnormal laboratory analysis results and sudden suspension of treatment, among others. A simple random sample of patients aged 15 and over was extracted. Oncologic and obstetric patients were excluded as were those hospitalized for less than 48 hours or in the emergency room. Social and demographic characteristics and those of the disease of patients who underwent adverse events were compared with those of patients who did not in order to test for differences between the groups. RESULTS : Around 70.0% of the medical records assessed showed at least one trigger. Adverse drug events triggers had an overall positive predictive value of 14.4%. The incidence of adverse drug events was 26.6 per 100 patients and 15.6% patients suffered one or more event. The median length of stay for patients suffering an adverse drug event was 35.2 days as against 10.7 days for those who did not (p < 0.01). The pharmacological classes most commonly associated with an adverse drug event were related to the cardiovascular system, nervous system and alimentary tract and metabolism. The most common active substances associated with an adverse drug event were tramadol, dypirone, glibenclamide and furosemide. Over 80.0% of events provoked or contributed to temporary harm to the patient and required intervention and 6.0% may have contributed to the death of the patient. It was estimated that in the hospital, 131 events involving drowsiness or fainting 33 involving falls, and 33 episodes of hemorrhage related to adverse drug effects occur annually. CONCLUSIONS : Almost one-sixth of in-patients (16,0%) suffered an adverse drug event. The instrument used may prove useful as a technique for monitoring and evaluating patient care results. Psycothropic therapy should be critically appraised given the frequency of associated events, such as excessive sedation, lethargy, and hypotension.
OBJETIVO : Estimar la frecuencia y caracterizar los eventos adversos a medicamentos en hospital de cuidados terciarios. MÉTODOS : Revisión retrospectiva de 128 prontuarios de hospital de Rio de Janeiro, Brasil, en 2007, representando 2.092 pacientes. La herramienta utilizada fue una lista de rastreadores, como antídotos, análisis de laboratorio con resultados anormales, suspensión brusca de medicación y otros. Se extrajo muestra aleatoria simple de los pacientes con 15 años o más de edad. Se excluyeron pacientes oncológicos y de obstetricia, y los internados por menos de 48 horas o en la emergencia. Los pacientes con y sin eventos adversos a medicamentos fueron comparados con respecto a las características sociales, demográficas y de enfermedades, para evaluar las diferencias entre los grupos. RESULTADOS : Cerca de 70,0% de los prontuarios presentaron por lo menos un rastreador. La capacidad de los rastreadores para identificar eventos adversos a medicamentos fue de 14,4%. La incidencia fue 26,6/100 pacientes. Se identificaron uno o más eventos adversos a medicamentos en 15,6% de los pacientes. El tiempo mediano de permanencia hospitalaria fue de 35,2 días para los pacientes con eventos adversos a medicamentos y 10,7 días para los demás (p<0,01). Las clases de medicamentos más involucrados fueron los que actúan sobre los sistemas cardiovascular y nervioso y los del tracto digestivo y metabolismo. Los fármacos más imputados fueron: tramadol, dipirona, glibenclamida y furosemida. Del total de eventos, 82,0% contribuyeron o provocaron daños temporales en el paciente y demandaron intervención y 6,0% pueden haber contribuido en el óbito del paciente. Se estima que el hospital presente, anualmente, 131 eventos de somnolencia y lipotimia, 33 caídas y 33 hemorragias potencialmente asociados a los medicamentos. CONCLUSIONES : Aproximadamente 1/6 de los pacientes internados presentó un evento adverso a medicamentos (16,0%). La herramienta estudiada puede ser útil como técnica de monitoreo y evaluación del resultado de los cuidados a los pacientes internados. La revisión de la terapia con psicotrópicos merece ser realizada, dada la frecuencia de eventos asociados, como sedación excesiva, letargo, caída e hipotensión.