Diversas fontes de dados têm identificado a labioplastia ou ninfoplastia, dedicada à redução dos pequenos lábios, como uma intervenção estética muito procurada por mulheres e adolescentes brasileiras, sendo que o Brasil é o país que mais faz este tipo de cirurgia. Este ensaio discute como se promove e quem produz a divulgação desta imagem de aumento da demanda e do número de cirurgias realizadas. Está embasado em análise de artigos em periódicos científicos, material de imprensa e outros documentos; e ancorado no cruzamento entre os estudos sociais da ciência e da tecnologia, os estudos de gênero e a antropologia do corpo e da saúde. Por meio deste recorte, analisa como o campo da cirurgia plástica, ou mais precisamente seus representantes mais atuantes na mídia e na produção bibliográfica, pode atuar na criação de determinadas demandas de intervenção, por meio da promoção de normas classificatórias, tecnologias biomédicas e divulgação de resultados com ênfase nos benefícios projetados. Conclui que, apesar da falta de consenso sobre o que seria a hipertrofia dos pequenos lábios, a cirurgia tem sido muito indicada e praticada e contribui para a (re)produção de padrões estritos associados ao gênero feminino e a uma certa noção de “normalidade” corporal. Poucas referências mencionam que a divulgação das técnicas operatórias e mesmo deste tipo de cirurgia no consultório médico seria um fator relevante para entender o fenômeno. Sugere que o papel de médicos/as na promoção desta possibilidade de intervenção estética cirúrgica que, como qualquer prática deste tipo, não é isenta de riscos e efeitos inesperados, precisaria ser alvo de um debate mais aprofundado.
Various data sources have identified labiaplasty or nymphoplasty, aimed at the reduction of the labia minora, as an aesthetic intervention in high demand by Brazilian women and adolescents, with Brazil as the world’s leading country in the performance of this surgery. This essay discusses how and by whom the dissemination of this image is promoted and produced, with the increase in demand and in the number of surgeries performed. The study is based on an analysis of scientific journals, press stories, and other documents. The approach employs a cross-analysis of social studies of science and technology, gender studies, and anthropology of the body and health. The article analyzes how the field of plastic surgery, or more precisely its more active representatives in the media and in research output, can act to create certain demands for surgical intervention through the promotion of classificatory norms, biomedical technologies, and the publication of results with emphasis on the projected benefits. Despite the lack of consensus on the definition of hypertrophy of the labia minora, the surgery has been widely indicated and practiced and contributes to the (re)production of narrow standards associated with female gender and a certain notion of the “normal” body. Few references mention that publicizing the surgical technique and even this type of surgery in the physician’s office may be a relevant factor for understanding the phenomenon. The article suggests that the physician’s role in the promotion of this possibility for aesthetic surgical intervention, like any such practice, is not free of risks and unexpected effects and should be the target of a more in-depth debate.
Diversas fuentes de datos han identificado la labioplastia o ninfoplastia, dedicada a la reducción de los labios menores, como una intervención estética muy solicitada por mujeres y adolescentes brasileñas, siendo Brasil el país donde más se realiza este tipo de cirugía. Este ensayo discute como se promueve y quién dirige la divulgación de esta imagen de aumento de la demanda y número de cirugías realizadas. Está basado en el análisis de artículos en periódicos científicos, material de prensa y otros documentos; y anclado en el cruce entre los estudios sociales de ciencia y tecnología, estudios de género y antropología del cuerpo y de la salud. Mediante esta reducción, analiza como el campo de la cirugía plástica, o más precisamente sus representantes más activos en los medios y producción bibliográfica, pueden actuar en la creación de determinadas demandas de intervención, mediante la promoción de normas clasificatorias, tecnologías biomédicas y divulgación de resultados con énfasis en los beneficios proyectados. Concluye que, a pesar de la falta de consenso sobre lo que sería la hipertrofia de los labios menores, la cirugía ha sido muy recomendada y practicada, así como que contribuye a la (re)producción de patrones estrictos asociados con el género femenino y a una cierta noción de “normalidad” corporal. Pocas referencias mencionan que la divulgación de las técnicas operatorias, incluidas las de este tipo de cirugía, en el consultorio médico sería un factor relevante para entender el fenómeno. Sugiere que el papel de médicos/as en la promoción de esta posibilidad de intervención estética quirúrgica que, como cualquier práctica de este tipo, no está exenta de riesgos y efectos inesperados, necesitaría ser objeto de un debate más profundo.