OBJETIVO: Descrever o manejo não-farmacológico de pacientes internados com insuficiência cardíaca (IC) em um hospital universitário. MÉTODOS: Estudo de coorte longitudinal de pacientes com IC diagnosticados pelo escore de Boston. Durante as 72 horas iniciais de internação, enfermeiras da clínica de IC realizaram entrevistas padronizadas e revisões de prontuários. RESULTADOS: Foram avaliadas 283 internações de 239 pacientes (idade = 64 ± 15 anos), aproximadamente 50% sexo masculino e 37% de etiologia isquêmica. O padrão de prescrição dos diferentes cuidados não-farmacológicos foi restrição de sal em 97%, controle de diurese em 85%, balanço hídrico em 75%, controle de peso em 61% e restrição hídrica em apenas 25% das internações. Embora os cuidados referidos estivessem nas prescrições, freqüentemente não eram realizados pela equipe responsável (p < 0,01 para todas as comparações). O uso irregular dos fármacos prescritos na semana anterior à hospitalização ocorreu em 22% e 21% dos pacientes sem e com re-internações, respectivamente (p = 1,00). Os pacientes com reinternações (n = 38) apresentaram disfunção sistólica grave, mais hospitalizações prévias e tempo prolongado de sintomas de IC, quando comparados aos não-reinternados, além de terem conhecimento mais adequado de aspectos relacionados com autocuidado (todos valores de p < 0,05). Na análise multivariada, apenas tempo de doença sintomática permaneceu como preditor independente de reinternações. CONCLUSÃO: Nossos dados indicam que mesmo em hospital universitário há importantes lacunas relativas à prescrição e realização de medidas não-farmacológicas de autocuidado na IC. Demonstramos que pacientes que reinternam aparentam bom conhecimento da doença; esse achado, entretanto, está relacionado de forma importante com a gravidade e o tempo de evolução da IC.
OBJECTIVE: To describe non-pharmacological management of patients admitted with heart failure (HF) in a teaching hospital. METHODS: A cohort longitudinal study of patients diagnosed with HF according to the Boston score. Within the first 72 hours of admission, the nursing staff of the HF clinic conducted structured interviews and medical chart reviews. RESULTS: Two hundred and eighty-three admissions of 239 patients (age = 64 ± 15 years) were evaluated; approximately 50% of the patients were male and 37% had heart failure of ischemic etiology Non-pharmacological measures included salt restriction in 97%, urine output monitoring in 85%, fluid balance in 75%, weight monitoring in 61%, and fluid restriction in only 25% of the patients. However, they were often not carried out by the team in charge (p < 0.01 for all comparisons). Irregular use of prescribed drugs in the week prior to admission was 22% and 21% in non-readmitted and readmitted patients, respectively (p = 1.00). Readmitted patients (n = 38) had severe systolic dysfunction, more previous hospitalizations, and longer duration of HF symptoms, as compared to those non-readmitted; in addition they had better knowledge related to self-care (p values < 0.05). In the multivariate analysis, only duration of symptoms remained as an independent predictor of re-admissions. CONCLUSION: Our data suggest that, even at a teaching hospital, important gaps exist between prescribing non-pharmacological measures for HF patients and their being carried out. Readmitted patients seem to have good understanding of their condition; this finding, however, is significantly associated with HF severity and time of onset.