FUNDAMENTO: Não há dados relativos à epidemiologia da hiperuricemia em estudos brasileiros de base populacional. OBJETIVO: Investigar a distribuição de ácido úrico sérico e sua relação com variáveis demográficas e cardiovasculares. MÉTODOS: Estudamos 1.346 indivíduos. A hiperuricemia foi definida como > 6,8 e > 5,4 mg/dL para homens e mulheres, respectivamente. A síndrome metabólica (SM) foi definida utilizando-se os critérios NCEP ATP III. RESULTADOS: A prevalência de hiperuricemia foi de 13,2%. A associação de ácido úrico sérico (AUS) com fatores de risco cardiovasculares foi específica para o gênero: em mulheres, maiores níveis de AUS estiveram associados com IMC elevado, mesmo após ajustes da pressão arterial sistólica para idade (PAS). Em homens, a relação do AUS com o colesterol HDL esteve mediada pelo IMC, enquanto em mulheres, o AUS mostrou-se semelhante e dependente do IMC, independentemente dos níveis glicose e presença de hipertensão. Nos homens, os triglicerídeos, a circunferência abdominal (CA) e a PAS explicaram 11%, 4% e 1% da variabilidade do AUS, respectivamente. Nas mulheres, a circunferência abdominal e os triglicerídeos explicaram 9% e 1% da variabilidade de AUS, respectivamente. Em comparação com o primeiro quartil, homens e mulheres no quarto quartil apresentavam 3,29 e 4,18 vezes mais de aumento de risco de SM, respectivamente. As mulheres apresentaram uma prevalência quase três vezes maior de diabetes melito. Homens normotensos com MS apresentaram maiores níveis de AUS, independente do IMC. CONCLUSÃO: Nossos resultados parecem justificar a necessidade de uma avaliação baseada no gênero em relação à associação do AUS com fatores de risco cardiovasculares, que se mostraram mais acentuados em mulheres. A SM esteve positivamente associada com AUS elevado, independentemente do gênero. A obesidade abdominal e a hipertrigliceridemia foram os principais fatores associados com a hiperuricemia mesmo em indivíduos normotensos, o que pode adicionar maior risco para a hipertensão.
BACKGROUND: There is no data concerning the epidemiology of hyperuricemia in Brazilian population-based studies. OBJECTIVE: To investigate the distribution of serum uric acid and its relationship with demographics and cardiovascular variables. MEHTODS: We studied 1,346 individuals. Hyperuricemia was defined as > 6.8 and > 5.4 mg/dL for men and women, respectively. Metabolic syndrome (MS) was defined with NCEP ATP III criteria. RESULTS: The prevalence of hyperuricemia was 13.2%. The association of serum uric acid (SUA) with cardiovascular risk factors was gender-specific: in women, higher SUA was associated with increasing BMI, even after adjustments for age-systolic blood pressure (SBP). In men, the relationship of SUA with HDLc was mediated by BMI, whereas in women, SUA was similar and dependent on BMI, regardless of glucose levels and presence of hypertension. In men, triglycerides, waist circumference (WC) and SBP explained 11%, 4% and 1% of SUA variability, respectively. In women, WC and triglycerides explained 9% and 1% of SUA variability, respectively. Compared to the first quartile, men and women in the fourth quartile had a 3.29 fold and 4.18 fold increase of MS risk, respectively. Women had almost three fold higher prevalence of diabetes mellitus. Normotensive men with MS presented higher SUA, regardless of BMI. CONCLUSION: Our results seem to justify the need for gender-based evaluation regarding the association of SUA with cardiovascular risk factors, which was more pronounced in women. MS was positively associated with increasing SUA, regardless of gender. Abdominal obesity and hypertriglyceridemia were the main factors associated with hyperuricemia even in normotensive individuals, which may add a higher risk for hypertension.
RFUNDAMENTO: No existen datos relativos a la epidemiología de la hiperuricemia en los estudios brasileros de base poblacional. OBJETIVO: Investigar la distribución del ácido úrico sérico y su relación con las variables demográficas y cardiovasculares. MÉTODOS: Estudiamos 1.346 individuos. La hiperuricemia se definió como > 6,8 y > 5,4 mg/dL para hombres y mujeres, respectivamente. El síndrome metabólico (SM) fue definido utilizando los criterios NCEP ATP III. RESULTADOS: La prevalencia de hiperuricemia fue de un 13,2%. La asociación del ácido úrico sérico (AUS), con los factores de riesgo cardiovasculares fue específica para el género: en las mujeres, mayores niveles de AUS estuvieron asociados con un IMC elevado, incluso después de los ajustes para la presión arterial sistólica (PAS) y edad . En los hombres, la relación del AUS con el colesterol HDL fue mediada por el IMC, mientras que en las mujeres, el AUS demostró ser parecido y dependiente del IMC, independientemente de los niveles de glucosa y de la presencia de hipertensión. En los hombres, los triglicéridos, la circunferencia abdominal (CA) y la PAS, explicaron el 11%, 4% y el 1% de la variabilidad del AUS, respectivamente. En las mujeres, la circunferencia abdominal y los triglicéridos explicaron el 9% y el 1% de la variabilidad de AUS, respectivamente. En comparación con el primer cuartil, los hombres y las mujeres, en el cuarto cuartil, tenían 3,29 y 4,18 veces más aumento de riesgo de SM, respectivamente. Las mujeres tenían una prevalencia casi tres veces mayor de diabetes mellitus. Los hombres normotensos con MS tenían mayores niveles de AUS, independiente del IMC. CONCLUSIONES: Nuestros resultados parecen justificar la necesidad de una evaluación con base en el género, respecto de la asociación del AUS con los factores de riesgo cardiovasculares, que demostraron ser más acentuados en las mujeres. La SM estuvo positivamente asociada con el AUS elevado, independientemente del género. La obesidad abdominal y la hipertrigliceridemia fueron los principales factores asociados con la hiperuricemia incluso en los individuos normotensos, lo que puede añadirle un riesgo mayor a la hipertensión.