Resumo: O estudo teve como objetivos avaliar o efeito conjunto das horas semanais de trabalho remunerado e do fato de ter vários empregos sobre o absenteísmo por motivo de doença entre professores de ensino básico, desagregado por sexo, no Brasil. Este estudo teve como base um inquérito realizado em uma amostra representativa de 5.116 professores de ensino básico em atividade no Brasil entre 2015 e 2016 (Estudo Educatel). Criamos uma variável dummy para avaliar o efeito conjunto das horas semanais de trabalho remunerado [padrão (35-40 horas); tempo parcial (< 35 horas); semana de trabalho moderadamente longa (41-50 horas) e muito longa (> 50 horas)] e múltiplos empregos (trabalho em mais de uma escola - não/sim). A categoria de referência foi o trabalho em uma única escola durante 35-40 horas semanais. Realizamos modelos de regressão de Poisson com variância robusta para obter razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) para a associação com ausência no trabalho por motivo de saúde alegado pelo próprio indivíduo, e com atestado médico. Os modelos foram ajustados para idade, tipo de vínculo de trabalho e salário, e estratificados por sexo. Os resultados só mostraram associações significativas com absenteísmo por motivo de saúde em professores que trabalhavam em mais de uma escola. Foram observadas associações com ausência por motivo de saúde alegado pelo próprio indivíduo em mulheres com semana de trabalho padrão e em homens com semana moderadamente longa, e em mulheres e homens que trabalhavam mais de 50 horas por semana (RP: 1,21, IC95%: 1,09-1,35; RP: 1,40, IC95%: 1,18-1,66; respectivamente). Foram encontradas associações com ausência com atestado médico entre professores que trabalhavam mais de 50 horas por semana, em mulheres (RP: 1,30, IC95%: 1,03-1,63) e homens (RP: 1,41, IC95%: 1,04-1,92). Professores brasileiros que trabalham horas longas em várias escolas podem sofrer problemas de saúde, levando ao absenteísmo.
Abstract: The objectives were to assess the joint effect of working hours paid per week and multiple job holding on sickness absence, by sex, among basic education teachers in Brazil. This study is based on a survey carried out over a representative sample of 5,116 active basic education teachers in Brazil between 2015 and 2016 (Educatel Study). We created a dummy variable to assess the joint effect of weekly paid working hours [standard (35-40 hours); part-time (< 35 hours); moderately long (41-50 hours); and very long (> 50 hours)] and multiple job holding (working in several schools - no/yes). Working 35-40 hours in one school was the reference category. We conducted Poisson regression models with robust variance to obtain prevalence ratios (PR) and 95% confidence intervals (95%CI) of the association with self-certified sickness absence and medically certified sickness absence. Models were adjusted for age, type of contract and salary, and stratified by sex. Significant associations with sickness absence were only found among teachers working in more than one school. Associations with self-certified sickness absence were found among women with standard and men with moderately long working hours, and for both women and men working > 50 hours (PR: 1.21, 95%CI: 1.09-1.35; PR: 1.40, 95%CI: 1.18-1.66; respectively). Associations with medically certified sickness absence were found among teachers working > 50 hours, among women (PR: 1.30, 95%CI: 1.03-1.63) and men (PR: 1.41, 95%CI: 1.04-1.92). Teachers working longer hours in several schools could be suffering health problems, deriving in work absence.
Resumen: El objetivo de este estudio fue evaluar el efecto conjunto de las horas laborales pagadas semanalmente y pluriempleo, en relación con las ausencias por enfermedad, según el por sexo, entre profesores de educación básica en Brasil. Este estudio se llevó a acabo sobre una encuesta de una muestra representativa de 5.116 profesores activos de educación básica en Brasil, entre 2015 y 2016 (Estudio Educatel). Creamos una variable dummy para evaluar el efecto conjunto de las horas laborales pagadas semanalmente [estándar (35-40 horas); a tiempo parcial (< 35 horas); moderadamente largas (41-50 horas); y muy largas (> 50 horas)] y el pluriempleo (trabajando en varias escuelas no/sí). Estar trabajando 35-40h en una escuela fue la categoría de referencia. Se realizaron modelos de regresión de Poisson con varianza robusta para obtener la razón de prevalencia (RP) e intervalos de 95% de confianza (IC95%) de la asociación con las ausencias por enfermedad justificadas personalmente y las ausencias por enfermedad con certificado médico. Los modelos fueron ajustados por edad, tipo de contrato y salario, y estratificados por sexo. Las asociaciones significativas con ausencias por enfermedad se encontraron sólo entre profesores que trabajaban en más de una escuela. Las asociaciones con las ausencias por enfermedad justificadas personalmente se hallaron entre mujeres con horas de trabajo estándar y hombres con horas de trabajo moderadamente largas, y para ambos, mujeres y hombres trabajando > 50 horas (RP: 1,21, IC95%: 1,09-1,35; RP: 1,40, IC95%: 1,18-1,66; respectivamente). Las asociaciones con las ausencias por enfermedad con certificado médico se hallaron entre profesores trabajando > 50 horas, entre mujeres (RP: 1,30, IC95%: 1,03-1,63) y hombres (RP: 1,41, IC95%: 1,04-1,92). Los profesores que trabajan más horas en varias escuelas podrían estar sufriendo problemas de salud, ocasionando ausencias laborales.