Resumen: En procesos de judicialización que involucran a pueblos indígenas, se ha hecho cada vez más recurrente la integración de dispositivos especiales que faciliten el diálogo, la interpretación y la traducción de la diferencia cultural de los mundos indígenas ante los/as operadores/as de la justicia estatal. El peritaje es uno de estos dispositivos que convocan a la disciplina antropológica al ámbito de los juzgados. El objetivo de este artículo es evidenciar cómo el peritaje es un dispositivo de la práctica profesional para la incidencia de la antropología en procesos de demanda de justicia que pretendan garantizar la comprensión de la diversidad cultural y social. Los argumentos y elementos que desarrolla el artículo se soportan en una experiencia de investigación realizada con el pueblo indígena arhuaco de la Sierra Nevada de Santa Marta en Colombia entre 2018 y 2020, el análisis documental/bibliográfico y el estudio del expediente judicial relacionado con los hechos de retención, tortura y muerte de tres autoridades indígenas arhuacas ocurridos en 1990. El artículo concluye que el peritaje antropológico es un dispositivo de la práctica disciplinaria capaz de aportar a las demandas de acceso a la justicia por parte de los pueblos indígenas y, por ende, a la comprensión de la diversidad cultural en los estrados judiciales. Su producción y las relaciones epistemológicas, políticas e intersubjetivas asociadas ameritan mayores análisis disciplinares. Finalmente, revelar el proceso metodológico de elaboración de un peritaje antropológico, su adaptación a las demandas de justicia y a los vacíos de un proceso de judicialización particular, así como profundizar en los cuestionamientos desde la antropología, se materializan en el artículo como un ejercicio pertinente y relevante para la reflexión sobre la práctica disciplinar en escenarios judiciales.
Resumo: Em processos de judicialização que envolvem povos indígenas, tem sido cada vez mais comum a integração de dispositivos especiais que facilitem o diálogo, interpretação e tradução da diferença cultural dos mundos indígenas ante os/as operadores/as da justiça estatal. A peritagem é um desses dispositivos que instigam a disciplina antropológica para o contexto dos tribunais. O objetivo deste artigo é evidenciar como a peritagem é um dispositivo da prática profissional para a incidência da antropologia em processos de demanda de justiça que pretendam garantir a compreensão da diversidade cultural e social. Os argumentos e elementos que este artigo desenvolve estão fundamentados numa experiência de pesquisa realizada com o povo indígena arhuaco da Sierra Nevada de Santa Marta, Colômbia, entre 2018 e 2020, na análise documental e bibliográfica, bem como no estudo do processo judicial relacionado com os fatos de retenção, tortura e morte de três autoridades indígenas arhuacas em 1990. Este artigo conclui que a peritagem antropológica é um dispositivo da prática disciplinar capaz de contribuir para as demandas de acesso à justiça por parte dos povos indígenas e, em consequência, para a compreensão da diversidade cultural nos cenários judiciais. Sua produção e as relações epistemológicas, políticas e intersubjetivas associadas merecem maiores análises disciplinares. Finalmente, revelar o processo metodológico de elaboração de uma peritagem antropológica, sua adaptação às demandas de justiça e às lacunas de um processo de judicialização particular, bem como aprofundar nos questionamentos a partir da antropologia são materializados neste artigo como um exercício pertinente e relevante para a reflexão sobre a prática disciplinar em cenários judiciais.
Abstract: In judicial processes involving indigenous peoples, it has become increasingly recurrent to integrate special mechanisms to allow for dialogue, and the interpretation and translation of the cultural differences of the indigenous worlds before state justice operators. Expert appraisal is one of these devices that summon the anthropological discipline to the courts. The purpose of this article is to show how expert opinion is a device of professional practice for the intervention of anthropology in processes of demand for justice intended to guarantee the understanding of cultural and social diversity. The arguments and elements detailed in the article are based on a research experience involving the Arhuaco indigenous people of the Sierra Nevada de Santa Marta in Colombia between 2018 and 2020, the documentary/bibliographic analysis, and the study of the judicial file related to the facts concerning the retention, torture, and death of three Arhuaco indigenous authorities that occurred in 1990. The article concludes that anthropological expertise is a device of disciplinary practice that can support the demands of indigenous peoples for access to justice and, therefore, to the understanding of cultural diversity in the courts. Its production and the associated epistemological, political, and intersubjective relationships merit further disciplinary analysis. Finally, revealing the methodological process of the elaboration of an anthropological expert opinion, its adaptation to the demands of justice, and the gaps of a particular judicialization process, as well as further exploring the questions posed by anthropology, are discussed in the article as a relevant and pertinent exercise for reflection on the practice of the discipline in judicial scenarios.