Resumo: Introdução: Durante a pandemia de Sars-CoV-2, as escolas adotaram distanciamento social e atividades a distância que, segundo estudos recentes, sugerem o aumento de depressão, ansiedade e distúrbios de comportamento entre estudantes universitários. A formação médica que é marcada por forte estresse psicológico contou com esse agravante, reforçando a necessidade de ações de cuidado destinadas aos alunos, como os programas de mentoria. A mentoria de alunos oferece suporte empático e desenvolvimental que estimula autocuidado, bem-estar e resiliência. Relato de experiência: Um grupo de professores-mentores de uma escola médica adaptou atividades de mentoria para um modelo remoto dirigido aos alunos veteranos que já participavam da mentoria e separadamente aos estudantes recém-ingressos no curso médico. No formato remoto, manteve-se a proposta de mentoria como “lugar de conversa”, mas em plataforma digital. O acompanhamento técnico da proposta se deu por meio de encontros remotos do grupo de mentores e de consulta aos alunos por meio de questionário autoaplicado on-line. Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo. Discussão: De março a dezembro de 2020, realizaram-se 109 encontros de mentoria virtual. Os alunos consideraram satisfatórios os encontros remotos em termos de qualidade das discussões, atuação do mentor e ambiente emocional. A desenvoltura interativa variou entre grupos, mas foi facilitada nos grupos de veteranos. Entre os alunos ingressantes, o tema recorrente esteve atrelado ao sentimento de medo: de ter mau desempenho nas provas, de perder o semestre e de não aprender. Entre os veteranos, destacaram-se as dificuldades de adaptação ao ensino a distância e de organização diante do excesso de atividades, e a diminuição das atividades práticas. Todos os grupos relataram medo da pandemia, da morte e de a situação financeira dos pais piorar, além de tristeza em razão de perda de parentes pela Covid-19. Chamou a atenção dos mentores o fato de os alunos, mesmo em um espaço acolhedor, manterem fechadas as câmeras. Conclusão: Para os mentores e discentes, a mentoria virtual funcionou como importante suporte ao aluno. Veteranos e calouros relataram que se sentiam cuidados, fortalecidos e gratos, sugerindo que os encontros permitiram uma boa interação das pessoas e a produção de efeitos benéficos perceptíveis. Um limite deste estudo foi o tempo de experiência. Assim sendo, recomenda-se manter tal investigação.
Abstract: Introduction: Throughout the SARS-COV-2 pandemic, schools had to adopt social distancing and remote learning, which, according to recent studies suggest an increase in depression, anxiety and behavioral disorders among university students. Medical training, which has a heavy load of psychological issues had to face this aggravating factor, reinforcing the need for support actions for students, such as mentoring programs. Mentoring programs offer empathetic and developmental support that encourages self-care, well-being and resilience. Experience report: A group of teacher-mentors from a medical school adapted the mentoring activities to a remote model, offering them to upper-level students who had already participated in mentoring, and, separately, to students who were newly enrolled in the medical course. In the remote format, the mentoring proposal was maintained as a “place of conversation”, but on a digital platform. The technical follow-up was carried out by remote meetings of the group of teacher-mentors, and consultation with students through a self-administered online questionnaire. The data obtained were submitted to content analysis. Discussion: From March to December, 109 virtual mentoring meetings were held. The students considered the meetings satisfactory in terms of the quality of discussions, the mentors’ attitudes and the emotional environment. The interactive development varied among groups, but it was observed to be easier in the groups of upper-level students. Among the newly-enrolled students, the recurring topic was the fear of poor performance in the tests, losing the semester, or not learning. Upper-level students highlighted the difficulties of adapting to remote learning and organizing their activities, and the decrease in practical activities. All groups reported fear of the pandemic, of death, of the worsening of parents’ financial situation, and sadness about the loss of relatives to COVID-19. It drew the attention of the mentors the fact that the students, even in a welcoming space, kept the cameras turned off. Conclusion: For mentors and students, virtual mentoring worked as an important student support system. Upper-level students and first-year ones reported feeling cared for, supported and grateful, suggesting that the meetings allowed a good interaction and produced beneficial effects. A limitation of this study was the duration of the experiment. Therefore, it is recommended that the research be maintained.