Neste trabalho, adota-se a perspectiva sócio-cultural e pressupõe-se que as interações adulto-bebê são matrizes nas quais se constrói o desenvolvimento. Esta pesquisa teve como objetivo descrever e analisar as transformações nas atividades da mãe e do bebê, nas trocas interativas e nos contextos específicos em que tais atividades e interações ocorrem, em etapas iniciais de desenvolvimento do bebê. Foi realizado o registro em vídeo, em ambiente natural, da observação de uma díade mãe-bebê em quatro momentos de desenvolvimento do bebê: 2, 10, 15 e 21 semanas. Foram analisadas as modificações na natureza das interações, mudanças nas atividades dos parceiros (e.g., vocalização, fala, sorriso), nos tipos de estimulação por parte das mães (e.g., estimulação voltada para a mãe ou voltada para os objeto) e os diferentes contextos de interação. Os resultados obtidos mostraram-se convergentes com achados de pesquisas na área, ampliando-os. Foram identificadas, desde fases iniciais, interações como processos recíprocos de engajamento que tornaram-se mais freqüentes e complexos. Foi possível identificar interações mãe-bebê, caracterizá-las e ilustrar a natureza diferenciada das atividades e interações dos parceiros em momentos distintos do desenvolvimento do bebê. Os resultados apresentados puderam ser interpretados segundo a abordagem sócio-cultural, que considera as interações sociais como constitutivas do desenvolvimento.
This study aims at investigating developmental changes in the patterns of mother-infant interaction, at early stages of the baby's development. A mother-infant dyad was observed and video recorded at home at four moments of the baby's development: 02, 10, 15 and 21 weeks. The modifications in the nature of the interaction, in the partners' activities (e.g. vocalization, speech, smile), in the kinds of stimulation promoted by the mother (e.g. directed to herself or to objects), and in the different interactional contexts were examined. Results were consistent with the literature in the area and have expanded it. It was possible to identify interactions as reciprocal processes of engagement which became gradually more frequent and complex. Mother-infant interactions were identified since early stages. They were characterized and illustrated the differentiated nature of activities of the partners and interactions at distinct moments of the baby's development.