INTRODUÇÃO: O esôfago e os cólons foram investigados em pacientes na fase aguda da doença de Chagas, entre 1956 e 1989. MÉTODOS: A deglutição e o exame radiológico do esôfago foram explorados em 94 (90,4%) pacientes, sendo excluídas 10 crianças em virtude de tenra idade. O enema opaco foi realizado em 59 (56,7%) pacientes. RESULTADOS: A deglutição foi referida como normal em 86 (91,5%) pacientes, 5 dos quais apresentaram aperistalse do grupo I, enquanto a disfagia incipiente foi referida por 8, dos quais 7 apresentaram exame radiológico normal e apenas um, aperistalse do grupo I. Um segundo exame radiológico, realizado em 4 dos 6 casos, 6 meses após o primeiro, mostrou-se normal em 3 e permaneceu inalterado em um, o único que recebeu tratamento (benzonidazol) e considerado como curado da infecção. O ritmo intestinal resultou normal em 96 (92,3%) pacientes, obstipado em 7 (6,7%) e diarreico em um (1%). O enema evidenciou resultado normal em 54 (91,5%) pacientes, dolicossigmoide em 4 (6,8%) e dolicorretomegassigmoide em um (1,7%), que a eletromanometria demonstrou ser de natureza funcional. CONCLUSÕES: Para explicar a regressão da aperistalse, aventaram os autores duas hipóteses que não se excluem. A primeira,é a de que o processo inflamatório intramural na fase inicial da infecção poderia interferir na motilidade esofagiana, enfraquecendo a onda peristáltica; com a regressão do processo inflamatório, o peristaltismo voltaria ao normal, desde que a desnervação fosse limitada; a segunda hipótese é a de que tenha havido real re-inervação, com recuperação normal da onda peristáltica.
INTRODUCTION: The esophagus and colons of patients with acute Chagas disease were studied. METHODS: Deglutition and radiological examination of the esophagus were assessed in 94 (90.4%) patients, 10 children were excluded due to their age. Intestinal transit was assessed in 59 (56.7%) patients. RESULTS: Deglutition was normal in 86 (91.5%) patients, 5 of whom presented aperistalsis (group I). Incipient dysphagia was reported by 8 patients, 7 of whom normal barium swallowing, while only one presented esophageal aperistalsis (group I). A second radiological examination of the esophagus was performed in 4 of the 6 cases with aperistalsis 6 months after the initial test. It was normal in 3, and showed aperistalsis in one case, the only patient who was treated with benznidazole and considered cured of the infection. Intestinal transit was normal in 96 (92.3%) patients, constipated in 7 (6.7%), and diarrheic in one (1%). Barium enema was normal in 54/59 (91.5%), showed a dolichosigmoid in 4 (6.8%) and a dolichorectomegasigmoid in one (1.7%), of functional origin, according to the electromanometric results. CONCLUSIONS: To explain the regression of aperistalsis, 2 non-excluding hypothesis were postulated: the intramural inflammatory process, established during the acute phase, could interfere with esophageal motility by weakening the peristaltic waves; with the remission of the inflammatory reaction, the peristaltic activity of the esophagus would return to normal, as long as no extensive denervation occurred; and/or a definitive reinnervation is responsible for the recuperation of the normal esophageal peristaltic activity.