Este artigo se debruça sobre o par analítico poder-causalidade com o objetivo de tecer um comentário sobre as dimensões relacional, discursiva e performática de poder. Cada uma dessas dimensões de poder está enraizada em um diferente entendimento de causalidade social: realista-relacional, disucursiva-hermenêutica, e performática-pragmática. Para os fins de uma análise empírica, será proposto um cruzamento entre esse modelo dimensional e a clássica tipologia das fontes de poder desenvolvida por Michael Mann e outros, para que dessa forma a pesquisa sociológica sobre poder se arme com um aparato conceitual mais sólido e ganhe mais complexidade e efetividade em suas explicações. O exemplo que melhor ilustra o modelo que aqui será debatido é uma imagem retirada da sociologia histórico-comparativa: a Queda da Bastilha e suas causas e consequências. Uma série de questões de pesquisa será levantada no texto com o objetivo de investigar a autonomia relativa do poder performativo. Por último, será esboçada uma aproximação entre o modelo aqui analisado e as teorias sociológicas de poder, incluindo os argumentos de Steven Lukes, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, entre outros.
This article draws on the conceptual link between power and causality to develop an account of the relational, discursive, and performative dimensions of power. Each proposed dimension of power is grounded in a different understanding of social causes: relational-realist, discursive-hermeneutic, and performative-pragmatic. For the purposes of empirical analysis, this dimensional schema crosscuts the classic sources of power typology developed by Michael Mann and others, thus rendering the conceptual apparatus for pursuing sociological research on power more complex and explanatorily effective. The schema is illustrated by an example from comparative-historical sociology: explaining the storming of the Bastille and its effects. A series of research questions for investigating the relative autonomy of performative power is proposed. Finally, the current schema is situated vis-à-vis classic sociological theories of power, including the arguments of Steven Lukes, Michel Foucault, and Pierre Bourdieu, among others.