RESUMO O objetivo deste estudo consiste em compreender o cuidado à saúde bucal de pessoas com fenda orofacial e suas expressões. Esta pesquisa teve a história de vida como recurso metodológico. Analisaram-se as narrativas de quatro mulheres com idades entre 19 e 28 anos, moradoras da zona urbana de um município do Nordeste brasileiro. Foram estruturados quatro encontros, gravados e transcritos, em que vivenciou-se a construção de uma identidade e formação do vínculo, resgate das redes sociais e comunitárias de apoio, caminhos percorridos nos serviços de saúde e a percepção sobre os serviços. A análise dos dados foi inspirada na abordagem hermenêutica de P. Ricoeur. Identificaram-se quatro unidades de sentido: Ser-fissurado?; Rede de cuidados; Fluxos assistenciais em saúde bucal para pessoas com fenda orofacial e suas expressões; e Percepção sobre os serviços de saúde. Concluiu-se que há uma rede fragmentada quanto ao cuidado à saúde bucal, com falhas na comunicação, articulação e integração dos serviços de saúde, pouco envolvimento e apropriação dos casos pelas equipes de atenção básica, com importantes repercussões dos estigmas sociais sobre o paciente. Assim, estratégias para o aprimoramento das relações, bem como articulação e integração entre os serviços devem ser desenvolvidas na tentativa de superar tais problemas.
ABSTRACT The objective of this study was to understand the oral health care of people with orofacial cleft and their expressions. This research had the history of life as a methodological resource. It was analyzed the narratives of four women aged between 19 and 28 years, living in the urban area of a Brazilian northeast municipality. Four meetings were structured, recorded and transcribed, in which we experienced the construction of an identity and formation of a bond, rescue of social and community support networks, paths taken in health services and perception on services. The analysis of the data was inspired by the hermeneutic approach of P. Ricoeur. Four sense units were identified: Be a person with orofacial cleft?; Health care network; Oral health care flows for people with orofacial clefts and their expressions; and, Perception about health services. It was concluded that there is a fragmented oral health care network, with poor communication, articulation and integration of health services, low involvement and appropriation of cases by primary care teams, with important repercussions of social stigmas on the patient. Thus, strategies for improving relations, as well as articulation and integration among services should be developed in an attempt to overcome such problems.