Existem várias terapias preconizadas para o tratamento da surdez súbita, algumas apresentam riscos significativos necessitando inclusive de internação hospitalar. OBJETIVO: Este estudo prospectivo analisa aspectos clínicos, etiológicos e evolutivos nos casos de surdez súbita (SS) em pacientes tratados ambulatorialmente com medicação oral. FORMA DE ESTUDO: clínico com coorte transversal. MATERIAL E MÉTODO: 40 pacientes com perda súbita da audição submeteram inicialmente a avaliação clínica otorrinolaringológica, testes audiométricos, análise hematológica e ressonância magnética. Confirmado o diagnóstico de SS, todos os pacientes receberam inicialmente prednisona e pentoxifilina sendo acompanhados por pelo menos um ano. RESULTADO: 45% (n=18) apresentaram normalização dos limiares auditivos, 40% (n=16) apresentaram melhoras auditivas, 15% (n=6) mantiveram os mesmos limiares iniciais. Nove casos (22,5%) apresentaram manifestações clínicas que justificaram a perda auditiva (infecção viral, fatores imunomediados, alterações vasculares e outros), três (7,5%) apresentaram tumores na região do ângulo ponto-cerebelar. A evolução auditiva nestes 12 casos com etiologia presumida não apresentou diferença estatística significante em relação aos 28 casos sem etiologia definida. O tratamento clínico instituído nos primeiros sete dias de instalação da perda auditiva, nos pacientes que obtiveram melhora, foi o único parâmetro estatisticamente significante dos fatores prognóstico avaliado. CONCLUSÃO: A pesquisa exaustiva etiológica deve ser realizada em qualquer caso de perda auditiva neurossensorial aguda. A presença de 7,5% de tumores localizados na região do ângulo ponto-cerebelar nos casos de SS juntamente com outras causas tratáveis justifica a investigação clínica nestes pacientes. Nossos pacientes apresentaram uma boa melhora auditiva em 67,5% dos casos, independentemente da etiologia. O início da terapia nos primeiros sete dias de instalação da perda auditiva foi o único fator de melhora significante dos limiares auditivos.
Out of the many forms of therapy for sudden deafness, some require hospitalization and present significant risks. AIM: This prospective study analyzes etiology and evolution in cases of sudden deafness (SD) where outpatient oral treatment was used. STUDY DESIGN: clinical with transversal cohort. MATERIAL AND METHOD: Forty cases of sudden hearing loss were followed for at least one year. All were submitted to initial clinical evaluation, auditory tests, routine blood analysis, and magnetic resonance imaging. All received initial treatment with pentoxifylline and prednisone. RESULTS: 45% (n=18) presented normal auditory thresholds, 40% (n=16) showed some improvement in hearing, 15% (n=6) maintained initial hearing level. Nine cases (22.5%) presented clinical conditions possibly implicated in hearing loss (viral infection, immunomediated hearing loss, vascular disorders, and so on); three (7.5%) had cerebellopontine tumors. Evolution of hearing in these 12 cases with presumed etiology presented no differences from hearing in the 28 cases without any known etiological factor. Clinical treatment within the first seven days was the only statistically significantly different condition in patients who improved hearing. CONCLUSIONS: An objective search for etiological bases should be conducted in any case of acute sensorineural hearing loss. The presence of cerebellopontine tumors in 7.5% of cases of SD, among other treated causes, justifies a thorough clinical investigation in these patients. Overall good evolution of hearing was observed in 67.5% of cases of SD, regardless of its etiology. Therapy within the first seven days of SD was significantly related to better outcomes in hearing.