OBJETIVO: Investigar como o controle de tarefas e o uso de diferentes tecnologias e de estrutura organizacional determinam o processo de saúde-doença. MÉTODOS: O estudo foi desenvolvido em duas indústrias vidreiras -- automática e manual --, no Município de São Paulo, Brasil, entre 1996 e 1997. A metodologia utilizada teve como base a análise ergonômica do trabalho. A pesquisa foi realizada utilizando-se estudo de caso e comparações entre dois grupos de trabalhadores, incluindo observação direta dos postos de trabalho, entrevistas e um questionário respondido por 41 trabalhadores: 14 da sopragem manual de vidro e 27 da operação da máquina automática. O questionário estruturado versava sobre queixas de saúde e características do trabalho e do posto. RESULTADOS: A comparação entre os dois grupos de trabalhadores apontou diferenças estatisticamente significativas em relação às respostas sobre o nível de ruído, as ferramentas de trabalho, a variação de postura no posto de trabalho e as queixas de dores nos braços. Foram detectados fatores de risco, tais como repetição dos movimentos para os trabalhadores da indústria manual e fatores da organização do trabalho nas duas indústrias, tais como ritmo, participação em decisões importantes e treinamento. CONCLUSÕES: O uso da metodologia ergonômica mostrou-se adequada. O estudo confirmou a exposição dos trabalhadores a intensidades elevadas de ruído e a altas temperaturas. Na indústria manual, o trabalhador parece desempenhar um papel que o faz se sentir mais importante, pois ele realiza uma parte significativa do trabalho total, diferentemente do trabalhador da indústria automática que está "vigiando" um processo em que a máquina é a produtora.
OBJECTIVE: To investigate how the use of different technologies, organizational structures, and task control determine the health-disease process in workers.. METHODS: The study was developed in two glass industries, one automated and the other manual, in the city of S. Paulo, Brazil, between 1996 and 1997. Ergonomics methods were used as main principles underlying the techniques of data collection. The techniques applied were case study and group comparisons, including a direct observation of the work condition, interviews and a questionnaire answered by all 41 workers of the workplaces studied: operators of automated machines (27 workers) and manual glass blow operators (14 workers). The questions were about their jobs and workplace characteristics and health complaints. The data were analyzed using Epi Info 6. RESULTS: The comparison between the two group of workers showed statistically significant differences in relation to workers' perceptions about excessive noise, work tools, posture while performing their work and complaints of pain in the arms. There were also identified differences in risk factors: movement repetition seen in the manual industry and those related to work organization in both industries, such as work rhythm, employees' participation in important decisions and training. CONCLUSIONS: The use an ergonomics methodology was perfectly adequate. Manual industry workers seem to play a role that makes them feel they have an important participation in the work process, as they performed a significant part of the total work, contrasting with automatic industry workers, which task is only of supervising the process, where the machine is the actual producer.