FUNDAMENTO: As vantagens do reparo valvar para tratamento de insuficiência mitral degenerativa estão bem estabelecidas. O procedimento está associado com baixas taxas de morbimortalidade, e foram relatados baixos índices de reoperação, eventos tromboembólicos e endocardite. Na maior parte das séries, são implantados anéis para anuloplastia, mas algumas instituições preferem valvoplastia sem suporte. OBJETIVO: Avaliar a evolução clínica de pacientes submetidos à valvoplastia sem suporte para tratamento de insuficiência mitral degenerativa. MÉTODOS: Entre janeiro de 1980 e janeiro de 2003, 116 pacientes foram submetidos ao procedimento. Sessenta e dois (53,4%) eram do sexo masculino, e a media de idade era 47,2 ± 16,5 anos. Os procedimentos empregados foram: Anuloplastia tipo Wooler (65,5%), anuloplastia unilateral (15,5%), ressecção quadrangular da cúspide posterior (35,3%), encurtamento de corda tendínea anterior (20,7%), encurtamento de corda tendínea posterior (6,9%) e desbridamento do cálcio (0,9%). O período médio de acompanhamento foi de 6,5 ± 5,1, e o acompanhamento mais longo foi de 24 anos. RESULTADOS: A mortalidade precoce foi de 0,86% (1 paciente), e a mortalidade tardia foi de 6,03% (7 pacientes). A sobrevida atuarial foi de 85,3% em vinte anos. A maioria dos pacientes (55,2%) apresentava classe funcional III no período pré-operatório, enquanto no período pós-operatório a classe funcional I foi mais freqüente (66,4%). Quatro pacientes (3,4%) tiveram complicações tromboembólicas, e não foi observada correlação com fibrilação atrial. A sobrevida livre de eventos tromboembólicos foi de 94,8%, e resultados semelhantes foram observados para endocardite bacteriana. A sobrevida livre de reoperação foi de 79% e 53% aos 5 e 10 anos, respectivamente. CONCLUSÃO: Valvoplastia sem suporte é um procedimento eficaz e seguro para tratamento de insuficiência mitral degenerativa, representando uma alternativa terapêutica adequada para determinados casos.
BACKGROUND: The advantages of valve repair for treatment of degenerative mitral regurgitation are well established. The procedure is associated with low mortality and morbidity rates, and low indices of reoperation, thromboembolic events and endocarditis have been reported. In most series, annuloplasty rings are implanted, but some institutions give preference to unsupported valvuloplasty. OBJECTIVE: To assess the clinical outcome of patients submitted to unsupported valvuloplasty for degenerative mitral regurgitation. METHODS: Between January 1980 and January 2003, 116 patients were submitted to the procedure. A total of 62 (53.4%) were men, and mean age was 47.2 ± 16.5 years. The procedures included: Wooler annuloplasty (65.5%), unilateral annuloplasty (15.5%), quadrangular resection of the posterior leaflet (35.3%), anterior chordal shortening (20.7%), posterior chordal shortening (6.9%), and calcium debridement (0.9%). Mean follow-up was 6.5 ± 5.1 years, and the longest follow-up was 24 years. RESULTS: Mortality was 0.86% (1 pt) early and 6.03% (7 pt) late. Actuarial survival was 85.3% in 20 years. Most patients (55.2%) presented preoperative NYHA functional class III, whereas class I was more frequent in the postoperative period (66.4%). Thromboembolic complications were observed in 4 patients (3.4%), and no correlation was seen with atrial fibrillation. Freedom from thromboembolic events was 94.8%, and similar results were observed for bacterial endocarditis. Survival free from reoperation was 79%, and 53% at 5 and 10 years, respectively. CONCLUSION: Unsupported valvuloplasty is effective and safe for treatment of degenerative mitral regurgitation, representing an adequate therapeutic alternative for selected cases.