Conforme se fortalece, no Brasil, a agenda de promoção da alimentação adequada e saudável, associações nacionais das indústrias de alimentos têm inflexionado sua atividade política corporativa (CPA). Destacando a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), a Associação Brasileira de Laticínios e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar, e tratando do período entre 2014 e 2020, este artigo analisa tal inflexão em suas dimensões representativas, comunicacionais e institucionais. Fundamentado metodologicamente no modelo de identificação da CPA, o trabalho tem como fontes registros da observação participante no Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e no Legislativo, anotações de entrevistas com dirigentes e técnicos de associações empresariais e políticos, além de diversos documentos e websites das entidades, do Estado e da sociedade civil. Os resultados demonstram que, na dimensão representativa, as associações das indústrias de alimentos reformularam seu lobbying no Legislativo, para isso criando uma comissão no IPA; na dimensão comunicacional, houve aumento da proeminência de uma narrativa de apropriação da agenda da alimentação adequada e saudável, estratégia discursiva que passou a ladear outras duas narrativas, uma de contraposição à agenda, outra de deslocamento das responsabilidades corporativas para decisões individuais; finalmente, na dimensão institucional, ocorreram notáveis transformações na ABIA, além da criação de outras associações e redes. A conclusão indica que a CPA das principais associações de indústrias de alimentos no país está se alterando de modo acentuado para responder às críticas aos determinantes comerciais da saúde.
As the agenda for promoting adequate and healthy food is strengthened in Brazil, national food industries associations have changed their corporate political activity (CPA). Highlighting the Brazilian Food Industry Association (ABIA), the Brazilian Dairy Association and the Sugarcane Industry Union, and addressing the period between 2014 and 2020, this article analyzes this change in its representative, communicational and institutional dimensions. Methodologically based on the CPA identification model, the sources of the work comprise records of participant observation in the Pensar Agropecuária Institute (IPA) and in the Brazilian National Congress, notes of interviews with directors and technicians from business and political associations, in addition to various documents and websites of the associations, the State and civil society. The results show that, in the representative dimension, the food industries associations reformulated their lobbying in Congress, creating a commission in the IPA for that purpose; in the communicational dimension, there was increased prominence of a narrative of appropriation of the agenda for adequate and healthy food, a discursive strategy that was followed by two other narratives, one in opposition to the agenda, the other of shifting corporate responsibilities to individual decisions; finally, in the institutional dimension, there were notable changes in the ABIA, in addition to the creation of other associations and networks. The conclusion indicates that the CPA of the main food industries associations in the country is changing sharply to respond to criticisms of the commercial determinants of health.
En Brasil, conforme se fortalece la agenda de promoción de una alimentación adecuada y saludable, asociaciones nacionales de las industrias de alimentos han modificado su actividad política corporativa (CPA). Destacando la Asociación Brasileña de la Industria de Alimentos (ABIA), la Asociación Brasileña de Lácteos y la Unión de la Industria de Caña de Azúcar, y considerando el período entre 2014 y 2020, este artículo analiza esta inflexión en sus dimensiones representativas, comunicacionales e institucionales. Fundamentado metodológicamente en el modelo de identificación de la CPA, el trabajo tiene como fuentes: registros de la observación participante en el Instituto Pensar Agropecuária (IPA) y en el poder legislativo, anotaciones de entrevistas con dirigentes y técnicos de asociaciones empresariales y políticos, además de diversos documentos y sitios web de entidades, del Estado y de la sociedad civil. Los resultados demuestran que, en la dimensión representativa, las asociaciones de las industrias de alimentos reformularon su lobbying en el Legislativo, para conseguirlo crearon una comisión en el IPA; mientras que en la dimensión comunicacional hubo un aumento de la preeminencia de una narración de apropiación de la agenda de la alimentación adecuada y saludable, estrategia discursiva que pasó a flanquear otras dos narraciones: una de contraposición a la agenda, otra de desplazamiento de las responsabilidades corporativa hacia decisiones individuales; finalmente, en la dimensión institucional, se produjeron notables transformaciones en la ABIA, además de la creación de otras asociaciones y redes. La conclusión indica que la CPA de las principales asociaciones de industrias de alimentos en el país se está alterando de modo acentuado para responder a las críticas hacia los determinantes comerciales de la salud.