OBJETIVO: Identificar fatores de risco para a recidiva da tuberculose. MÉTODOS: Estudou-se uma coorte de 610 pacientes com tuberculose pulmonar bacilífera inscritos para tratamento entre 1989 e 1994 e curados com o esquema contendo rifampicina, isoniazida e pirazinamida (RHZ). Avaliaram-se os seguintes fatores de risco: idade, sexo, cor, duração dos sintomas, cavitação das lesões, extensão da doença, diabetes melito, alcoolismo, infecção pelo HIV, negativação tardia do escarro, adesão ao tratamento e doses dos fármacos. Para detecção das recidivas, os pacientes foram seguidos por 7,7 ± 2,0 anos, após a cura, pelo sistema de informação da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Nas análises utilizaram-se os testes t de Student, qui-quadrado ou exato de Fisher e a regressão de Cox. RESULTADOS: Ocorreram 26 recidivas (4,3%), correspondendo a 0,55/100 pessoas-ano. A taxa de recidiva foi de 5,95 e 0,48/100 pessoas-ano, respectivamente, nos pacientes HIV-positivos e nos HIV-negativos (p < 0,0001). Na análise multivariada, a infecção pelo HIV [RR = 8,04 (IC95%: 2,35-27,50); p = 0,001] e o uso irregular da medicação [RR = 6,43 (IC95%: 2,02-20,44); p = 0,002] mostraram-se independentemente associados às recidivas. CONCLUSÕES: A recidiva da tuberculose foi mais freqüente nos pacientes HIV-positivos e naqueles que não aderiram ao tratamento auto-administrado (esquema-RHZ). Pacientes com pelo menos um destes fatores de risco poderão se beneficiar com a implantação de um sistema de vigilância pós-tratamento para detecção precoce de recidivas. Para prevenir a não-adesão ao tratamento da tuberculose, a alternativa seria a utilização de tratamento supervisionado.
OBJECTIVE: To identify risk factors for recurrence of tuberculosis. METHODS: We studied a cohort of 610 patients with active pulmonary tuberculosis who were enrolled for treatment between 1989 and 1994 and cured using a three-drug treatment regimen of rifampin, isoniazid and pyrazinamide (RHZ). The risk factors studied were age, gender, race, duration of symptoms, lesion cavitation, extent of disease, diabetes mellitus, alcoholism, HIV infection, delayed negative sputum conversion, treatment compliance, and medication doses. In order to detect recurrence, the patients were monitored through the Rio Grande do Sul State Healt Department Information System for 7.7 ± 2.0 years after cure. Data were analyzed using the Student's t-test, the chi-square test or Fisher's exact test, and Cox regression models. RESULTS: There were 26 cases of recurrence (4.3%), which corresponds to 0.55/100 patients-year. The recurrence rate was 5.95 and 0.48/100 patients-year in HIV-positive and HIV-negative patients, respectively (p < 0.0001). In the multivariate analysis, HIV infection [RR = 8.04 (95% CI: 2.35-27.50); p = 0.001] and noncompliance [RR = 6.43 (95% CI: 2.02-20.44); p = 0.002] proved to be independently associated with recurrence of tuberculosis. CONCLUSIONS: Recurrence of tuberculosis was more common in HIV-positive patients and in patients who did not comply with the self-administered treatment (RHZ regimen). Patients presenting at least one of these risk factors can benefit from the implementation of a post-treatment surveillance system for early detection of recurrence. An alternative to prevent noncompliance with tuberculosis treatment would be the use of supervised treatment.