OBJETIVO: Identificar alterações na coagulação sangüínea em mulheres submetidas à fertilização in vitro (FIV). MÉTODOS: Trata-se de um estudo prospectivo onde foram incluídas 15 pacientes submetidas à FIV. No período pré-ovulatório imediato, do ciclo menstrual precedente à FIV, foi coletada amostra sangüínea para coagulograma, com dosagem de Estradiol, Hemograma, Fibrinogênio, Tempo de Protrombina, Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada, Tempo de Coagulação e Plaquetas. Durante a hiperestimulação ovariana para FIV, nova amostra para coagulograma foi coletada no dia da aplicação da Gonadotrofina Coriônica Humana. Os dados referentes à análise das duas amostras foram avaliados usando teste estatístico Paired T-Test. RESULTADOS: O estudo comparativo das médias das amostras identificou aumento significativo nos níveis de fibrinogênio, 304,9 pg/ml na primeira amostra e 383,1 pg/ml na segunda (p=0,01), já os níveis de hematócrito tiveram um decréscimo significativo, com valores de 40,5% e 38,4%, respectivamente (p=0,0001). As demais provas de coagulação não apresentaram diferença significativa. As médias do estradiol foram significativamente diferentes, sendo 167pg/ml na primeira amostra e 1435pg/ml na segunda (p=0,0001). CONCLUSÕES: Os Dados refletem uma tendência a um estado de hipercoagüabilidade sangüínea, o que é esperado nas situações de hiperestrogenismo. Apesar da significância estatística nos níveis de fibrinogênio e hematócrito, esses resultados têm pouca expressão clínica, visto que os valores máximos das duas amostras permaneceram dentro dos limites da normalidade. A pesquisa sugere que, apesar do grande aumento nos níveis de estradiol e mudanças nas provas de coagulação, os programas de FIV mostram-se seguros quanto aos riscos tromboembólicos.
BACKGROUND: Hyperestrogenic conditions have been related to alterations in the coagulation parameters. The objective of this study was to identify changes in coagulation parameters in women undergoing in vitro fertilization and embryo transfer (IVF-ET). METHODS: A group of 15 patients was studied prospectively, immediately before and during the course of an IVF-ET cycle. Blood was drawn in the preovulatory period of the cycle preceeding IVF-ET for complete blood count, fibrinogen, prothrombin time (TP), thromboplastin partial actived time (ATTP), coagulation time and estradiol. A another blood sample for the same tests was collected during controlled ovarian hyperstimulation, on the hCG day. Both samples were compared by a paired t-test RESULTS: There was an increase in fibrinogen (340.9 pg/mL to 383.1 pg/mL, p = 0.01). On the other hand, hematocrit levels decreased (40.5% to 38.4 %, p = 0.0001). The other coagulation tests showed no difference. Estradiol levels increased (167 pg/mL to 1435 pg/ml, p=0.0001), as expected during such treatment. CONCLUSIONS: The data suggest a tendency towards an increase in coagulability, as expected in hyperestrogenic situations. However, even considering the statistical significance of the results, they might have limited clinical impact, since they were within the normal range. This study suggests that, despite the marked increase in estradiol and changes in coagulation parameters, IVF-ET is a safe procedure in terms of thromboembolic risks.