Resumo Investiga-se o conceito de força, tal como aparece em Nietzsche e na psicanálise. Objetiva-se esclarecer e potencializar seu uso clínico. A pesquisa se justifica porque se trata de conceber o processo clínico como explicitação da força pulsional, uma vez que a tipologia das forças proposta por Nietzsche e a precisão analítica, de caráter ético e clínico, convergem inteiramente. Uma ética nietzschiana da força ativa (o amor fati) torna-se providencial para se pensar a retomada do conceito de força na psicanálise. Objeções levantadas à noção de força serão oportunas para, inversamente, justificar seu uso: equivalente à noção de real, a de força não se beneficia do deslocamento que a primeira sofre e opera. Que o real possa ser tratado pela negatividade, mas não a força, problematiza o uso das duas noções: a força jamais definir-se-á pelo impossível ou pelo vazio, e sim por atos de resistência ou sublimações. Conclui-se que ao nível dessa potência avaliadora, seletiva, não condicionada pela atualidade, perfilam-se os temas nietzschianos do intempestivo e da transvaloração dos valores. O tempo por vir das forças ativas depende de seu exercício. Esses temas essenciais à filosofia nietzschiana implicam, portanto, a consideração da força e de suas vicissitudes. O mesmo vale para a psicanálise e a noção irrevogável de pulsão. É verdade que, inversamente, a força se esclarece pela transvaloração dos valores que o intempestivo deflagra. A pulsão também só é conhecida mediante seu exercício, ou seja, enquanto ela mesma opera sua decifração pragmática. Ela requer, para tanto, a perspectiva ética e clínica que a esposa e suas avaliações imanentes, extra morais. É a razão para que ela se ocupe do sonho e de sua memória ativa, interpeladora, desde um tempo por vir. Investigase Investiga Objetivase Objetiva pulsional analítica inteiramente fati tornase torna inversamente negatividade noções definirseá definir á vazio sublimações Concluise Conclui avaliadora seletiva atualidade perfilamse perfilam exercício implicam portanto vicissitudes deflagra seja pragmática requer tanto imanentes morais interpeladora
Abstract This article investigate the concept of force, as it appears in Nietzsche, and psychoanalysis. The objective is to clarify and enhance its clinical use. The research is justified because it is about conceiving the clinical process as an explanation of the instinctual force, since the typology of forces proposed by Nietzsche and the analytical precision, of an ethical and clinical character, completely converge. A Nietzschean ethics of active force (amor fati) becomes providential for thinking about the resumption of the concept of force in psychoanalysis. Objections raised to the notion of force will be opportune to, conversely, justify its use: equivalent to the notion of real, that of force does not benefit from the displacement that the former undergoes and operates. That the real can be treated by negativity, but not by force, problematizes the use of the two notions: force will never be defined by the impossible or the void, but by acts of resistance or sublimations. It is concluded that at the level of this evaluative, selective power, not conditioned by the present, the Nietzschean themes of the untimely and the transvaluation of values are outlined. The time to come of active forces depends on their exercise. These essential themes to Nietzschean philosophy imply, therefore, the consideration of force and its vicissitudes. The same goes for psychoanalysis and the irrevocable notion of drive. It is true that, conversely, force is clarified by the transvaluation of values that the untimely triggers. The drive is also only known through its exercise, that is, while it itself operates its pragmatic deciphering. She requires, for that, the ethical and clinical perspective that the wife and her immanent, extra-moral evaluations. It is the reason for her to occupy herself with the dream and with its active, questioning memory, since a time to come. precision character converge amor fati conversely negativity notions void sublimations evaluative power present outlined exercise imply therefore vicissitudes triggers deciphering requires immanent extramoral extra moral evaluations memory