OBJETIVO: Estimar a frequência das deficiências físicas em pacientes tratados de hanseníase após alta medicamentosa e analisar sua distribuição espacial. MÉTODOS: Estudo descritivo transversal com 232 pessoas tratadas de hanseníase de 1998 a 2006. As deficiências físicas foram avaliadas pelo Grau de Incapacidades da Organização Mundial da Saúde (GI/OMS) e pelo Eye-Hand-Foot (EHF). Os ex-pacientes foram geocodificados pelo endereço de residência e os serviços de reabilitação pelo endereço de sua sede. Foram apresentadas as frequências para o total e para os grupos grau 0, grau 1 e grau 2 do GI-OMS, considerando-se as variáveis clínicas e sociodemográficas na análise descritiva. Foram utilizados os testes t de Student, qui-quadrado (χ2) ou de Fisher, conforme apropriado, considerando-se significativos p < 0,05. RESULTADOS: Cerca de 51,6% era do sexo feminino, com média de idade de 54 anos (dp15,7); 30,5% tinha menos de dois anos de educação formal; 43,5% trabalhava e 26,9% estava aposentado; a forma dimorfa predominou (39,9%). As deficiências avaliadas pelo GI-OMS e pelo EHF atingiram 32% dos ex-pacientes. A presença de deficiências foi maior com o aumento da idade (p = 0,029), em casos multibacilares (p = 0,005) e com julgamento ruim do paciente sobre sua saúde física (p < 0,001). Os que necessitavam de prevenção/reabilitação percorreram distância média de 5,5 km até o serviço de reabilitação. As pessoas com deficiência física estavam distribuídas em todo o município, mas concentravam-se na área mais populosa e de maior carência socioeconômica. CONCLUSÕES: A frequência de deficiências é elevada após a alta medicamentosa. Os ex-pacientes mais velhos, os que tiveram formas multibacilares da doença, os de baixa escolaridade e os que julgam mal a própria saúde física merecem atenção especial para a prevenção e reabilitação de deficiências. A distância entre os serviços de reabilitação e as residências dos pacientes requer reorganização da rede de atendimento no município.
OBJECTIVE: To estimate the frequency of people with leprosy-related physical disabilities after release from multidrug treatment and to analyze their spatial distribution. METHODS: Descriptive cross-sectional study with 232 leprosy patients treated between 1998 and 2006. Physical disabilities were assessed using the World Health Organization disability grading and the eye-hand-foot (EHF) sum score. The residential address of patients and rehabilitation centers were geocoded. It was estimated the overall frequency of physical disability and frequency by disability grade (grade 0, grade 1, and grade 2) according to the WHO disability grading taking into consideration clinical and sociodemographic variables in the descriptive analysis. Student's t-test, chi-square test (χ2), and Fisher's test were used as appropriate at a 5% significance level. RESULTS: Of the patients studied, 51.6% were female, mean age 54 years old (SD 15.7), 30.5% had less than 2 years of formal education, 43.5% were employed, and 26.9% were retired. Borderline leprosy was the most prevalent form of leprosy (39.9%). A total of 32% of these patients had disabilities according to the WHO disability grading and the EHF score. Disabilities increased with age (p = 0.029), they were more common in patients with multibacillary leprosy (p = 0.005) and poor self-rated physical health (p < 0.001). Those who required prevention/rehabilitation care traveled on average 5.5 km to the rehabilitation center. People with physical disabilities lived scattered across the city but they were mostly concentrated in the most densely populated and socioeconomically deprived area. CONCLUSIONS: There is a high frequency of people with leprosy-related disabilities after release from multidrug therapy. Prevention and rehabilitation actions should target uneducated and older patients, those who had multibacillary forms of leprosy and poor self-rated physical health. The travel distance to rehabilitation centers calls for reorganization of local care networks.
OBJETIVO: Estimar la frecuencia de las deficiencias físicas, en pacientes tratados por hanseniasis, posteriores a alta medicamentosa y analizar su distribución espacial MÉTODOS: Estudio descriptivo transversal con 232 personas tratadas por hanseniasis de 1998 a 2006. Las deficiencias físicas fueron evaluadas por el Grado de Incapacidades de la Organización Mundial de Salud (GI/OMS) y por el Eyes-Hand-Feet (EHF). Los ex -pacientes fueron geocodificados por la dirección de residencia y los servicios de rehabilitación por la dirección de su sede. Se presentaron las frecuencias para el total y para los grupos grado 0, grado 1 y grado 2 del GI-OMS, considerándose las variables clínicas y sociodemográficas en el análisis descriptivo. Se utilizaron las pruebas t de Student, Chi-cuadrado (?2) o de Fisher, conforme apropiado, considerándose significativos p= 0,05. RESULTADOS: Cerca de 51,6% eran del sexo femenino, con promedio de edad de 54 años (de 15,7); 30,5% tenían menos de dos años de educación formal; 43,5% trabajaban y 26,9% estaban jubilados; la forma dimorfa predominó (39,9%). Las deficiencias evaluadas por el GI-OMS y por el EHF alcanzaron 32% de los ex -pacientes La presencia de deficiencias fue mayor con el aumento de la edad (p=0,029), en casos multibacilares (p=0,005) y con diagnóstico equivocado del paciente sobre su salud física (p?0,001). Los que necesitaban de prevención/rehabilitación recorrieron distancia promedio de 5,5km hasta el servicio de rehabilitación. Las personas con deficiencia física estaban distribuidas en todo el municipio, pero se concentraban en el área más populosa y de mayor carencia socioeconómica. CONCLUSIONES: La frecuencia de deficiencias es elevada posterior al alta medicamentosa. Los ex -pacientes más viejos, los que tuvieron formas multibacilares de la enfermedad, los de baja escolaridad y los que presentaron diagnóstico equivocado de la propia salud física merecen atención especial para la prevención y rehabilitación de deficiencias. La distancia entre los servicios de rehabilitación y las residencias de los pacientes requiere reorganización de la red de atención en el municipio.