Resumo O uso consciente de medicamentos exige que se acrescentem as dimensões ética, emocional, social e ambiental ao uso racional, assim como a compreensão do mecanismo saúde/doença. Objetivou-se caracterizar a ideia que diferentes grupos sociais têm da medicação, através de uma pesquisa transversal exploratória quantitativa. A participação de 266 respondentes permitiu caracterizar a relação entre autocuidado e os parâmetros culturais e ambientais, bem como a identificação de vulnerabilidades atreladas ao acesso à informação e educação, principalmente em respondentes da área rural e com apenas ensino básico completo. A maioria dos entrevistados apresentou uma visão global da saúde, relacionando-a a hábitos de vida e atestando, assim, a hipótese de que o autocuidado deve ser concebido como um princípio ético; contudo, as especificidades das representações evidenciaram uma relação entre autopercepção e autogerenciamento da saúde. As análises subsidiaram a confluência entre bioética e saúde global na promoção de discussões éticas e educativas a fim de capacitar o cidadão para estabelecer uma relação consciente com o medicamento. Desse modo, incentiva-se o autocuidado e o cuidado com a natureza como meio de prevenção de doenças e promoção de saúde e qualidade de vida para o ser humano e o ecossistema, a nível local, mas com repercussões globais, beneficiando esta e futuras gerações.
Abstract The conscious use of medicines require the addition of ethical, emotional, social, and environmental dimensions to the rational drug use, such as the understanding of the health/disease mechanism. Our objective was to characterize the idea of medication by different social groups, through a quantitative exploratory cross-sectional study. The participation of 266 respondents allowed us to characterize the relation between self-care and cultural and environmental parameters, as well as the identification of vulnerabilities that were linked to the access to information and education, which was mainly observed in rural respondents and in those who have only had access to basic education. Most of the interviewees had a global view of health, connecting it to life habits and attesting the hypothesis that self-care should be conceived as an ethical principle; however, the specificities of representations evidenced a relation between self-perception and self-management of health. The analysis supported the confluence between bioethics and global health in the promotion of ethical and educational discussions in order to enable citizens to deal consciously with medicines. In this way, it is encouraged self-care and care for nature as means of preventing diseases and allowing the promotion of health and life quality, both to humans and to the ecosystem, at local level, but with global repercussions, benefiting this and future generations.