Poucas pesquisas com foco nas influências da raça/cor no tocante à experiência de gestação e parto foram conduzidas no Brasil, sendo inédita a análise de abrangência nacional. Este estudo teve como objetivo avaliar as iniquidades na atenção pré-natal e parto de acordo com a raça/cor utilizando o método de pareamento baseado nos escores de propensão. Os dados são oriundos da pesquisa Nascer no Brasil: Pesquisa Nacional sobre Parto e Nascimento, um estudo de base populacional de abrangência nacional com entrevista e avaliação de prontuários de 23.894 mulheres em 2011/2012. Regressões logísticas simples foram utilizadas para estimar as razões de chance (OR) e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) da raça/cor associada aos desfechos analisados. Em comparação às brancas, puérperas de cor preta possuíram maior risco de terem um pré-natal inadequado (OR = 1,6; IC95%: 1,4-1,9), falta de vinculação à maternidade (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4), ausência de acompanhante (OR = 1,7; IC95%: 1,4-2,0), peregrinação para o parto (OR = 1,3; IC95%: 1,2-1,5) e menos anestesia local para episiotomia (OR = 1,5 (IC95%: 1,1-2,1). Puérperas de cor parda também tiveram maior risco de terem um pré-natal inadequado (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4) e ausência de acompanhante (OR = 1,4; IC95%: 1,3-1,6) quando comparadas às brancas. Foram identificadas disparidades raciais no processo de atenção à gestação e ao parto evidenciando um gradiente de pior para melhor cuidado entre mulheres pretas, pardas e brancas.
Few studies on the influence of race/color on pregnancy and birthcare experiences have been carried out in Brazil. Additionally, none of the existing studies are of national scope. This study sought to evaluate inequities in prenatal and childbirth care according to race/color using propensity score matching. The data comes from the study Birth in Brazil: National Survey into Labor and Birth, a national population study comprised of interviews and revisions of medical records that included 23,894 women in 2011/2012. We used logistic regressions to estimate odds ratios (OR) and respective 95% confidence intervals (95%CI) of race/color associated with the outcomes were analyzed. When compared with white-skinned women, black-skinned women were more likely to have inadequate prenatal care (OR = 1.6; 95%CI: 1.4-1.9), to not be linked to a maternity hospital for childbirth (OR = 1.2 95%CI: 1.1-1.4), to be without a companion (OR = 1.7; 95%CI: 1.4-2.0), to seek more than one hospital for childbirth (OR =1.3; 95%CI: 1.2-1.5), and less likely to receive local anesthesia for an episiotomy (OR = 1.5; 95%CI: 1.1-2.1). Brown-skinned women were also more likely to have inadequate prenatal care (OR = 1.2; 95%CI: 1.1-1.4) and to lack a companion (OR = 1.4; 95%CI: 1.3-1.6) when compared with white-skinned women. We identified racial disparities in care during pregnancy and childbirth, which displayed a gradient going from worst to best care provided to black, brown and white-skinned women.
Existen pocas investigaciones realizadas en Brasil centradas en las influencias de la raza/color, en lo que se refiere a la experiencia de la gestación y parto, siendo inédito un análisis de alcance nacional. Este estudio tuvo como objetivo evaluar las inequidades en la atención pre-natal y parto, de acuerdo a la raza/color, utilizando el método de apareamiento, basado en los marcadores de propensión. Los datos provienen de la investigación Nacer en Brasil: Investigación Nacional sobre Parto y Nacimiento, un estudio de base poblacional de alcance nacional con entrevista y evaluación de historiales médicos de 23.894 mujeres en 2011/2012. Se utilizaron regresiones logísticas simples para estimar las razones de oportunidad (OR) y sus respectivos intervalos de un 95% de confianza (IC95%) de la raza/color asociados a los desenlaces analizados. En comparación a las blancas, las puérperas de color negro tuvieron un mayor riesgo de tener un período pre-natal inadecuado (OR = 1,6; IC95%: 1,4-1,9), falta de vinculación a la maternidad (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4), ausencia de acompañante (OR = 1,7; IC95%: 1,4-2,0), grandes desplazamientos para el parto (OR = 1,3; IC95%: 1,2-1,5) y menos anestesia local para episiotomía (OR = 1,5; IC95%: 1,1-2,1). Las puérperas mulatas también tuvieron un mayor riesgo de tener un período pre-natal inadecuado (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4) y ausencia de acompañante (OR = 1,4; IC95%: 1,3-1,6), cuando se comparan con las blancas. Fueron identificadas disparidades raciales en el proceso de atención a la gestación y al parto, evidenciando un gradiente de peor para mejor cuidado entre mujeres negras, mulatas y blancas.