RESUMO CONTEXTO E OBJETIVO: Após o transplante de células tronco-hematopoéticas (TCTH), o cariótipo é uma ferramenta valiosa para monitorar o status do enxerto e da doença. Poucos estudos investigaram o significado prognóstico do cariótipo nos pacientes que se submeteram ao TCTH para leucemia mielóide crônica (LMC). O objetivo desse estudo foi verificar o significado dos achados citogenéticos pré-TCTH em pacientes portadores de LMC. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Série de casos. Instituto Nacional do Câncer (INCA), Rio de Janeiro, Brasil. METODOLOGIA: Foram realizados estudos citogenéticos por bandeamento G em 39 pacientes submetidos ao TCTH. RESULTADOS: Trinta e um pacientes estavam em fase crônica e oito em fase acelerada. Pré-TCTH, alterações cromossômicas adicionais ao cromossomo Philadelphia (Ph) foram observadas em 11 pacientes. A mais freqüente foi o duplo Ph observado em quatro casos. Após o TCTH, quimerismo total foi observado em 31 pacientes (79,5%). Desses, 23 (82,3%) apresentavam somente o cromossomo Ph. Quimerismo misto foi observado em sete pacientes, sendo três com alterações adicionais ao Ph. Um caso não apresentou resposta ao TCTH. Recaída citogenética associada com recaída clínica foi observada em cinco pacientes. Após o TCTH, 27 pacientes permanecem vivos e com remissão clínica e citogenética. CONCLUSÃO: Em nosso estudo a presença de alterações cromossômicas adicionais ao Ph, prévias ao TCTH, não foi associada com pior evolução, com risco de recaída, bem como não foi observada diferença entre as taxas de sobrevida. Nosso estudo sugere que a citogenética clássica permanece uma grande ferramenta no monitoramento do TCTH.
CONTEXT AND OBJECTIVE: Following hematopoietic stem cell transplantation (HSCT), karyotyping is a valuable tool for monitoring engraftment and disease status. Few studies have examined the prognostic significance of karyotypes in patients who underwent HSCT for chronic myeloid leukemia (CML). The objective of this study was to evaluate the significance of pretransplantation cytogenetic status in relation to outcomes following HSCT in CML patients. DESIGN AND SETTING: Case series study at Instituto Nacional do Câncer (INCA), Rio de Janeiro, Brazil. METHODS: Cytogenetic analysis was performed by G banding on 39 patients treated with HSCT. RESULTS: Thirty-one patients were in the chronic phase and eight were in the accelerated phase. Prior to HSCT, additional chromosomal abnormalities on the Philadelphia (Ph) chromosome were found in 11 patients. The most frequent additional abnormality was a double Ph, which was observed in four cases. Following HSCT, full chimeras were observed in 31 patients (79.5%). Among these, 23 (82.3%) had presented Ph as the sole abnormality. Mixed chimeras were observed in seven patients, of which three had additional abnormalities. Only one case did not present any cytogenetic response. Five patients presented cytogenetic relapse associated with clinical relapse following HSCT. Twenty-seven patients are still alive and present complete hematological and cytogenetic remission. CONCLUSION: In our study, the presence of additional abnormalities was not associated with worse outcome and relapse risk. Also, no differences in survival rates were observed. Our study supports the view that classical cytogenetic analysis remains an important tool regarding HSCT outcome.