OBJETIVO: Analisar fatores de risco no ambiente domiciliar associados com altos níveis de chumbo no esmalte dentário superficial. MÉTODOS: Estudo transversal conduzido com 160 adolescentes brasileiros (14 a 18 anos), residentes em bairros pobres do município de Bauru, SP, de agosto a dezembro de 2008. A concentração de chumbo no esmalte dentário foi avaliada por microbiópsias ácidas do esmalte dentário superficial, quantificada por espectrometria de absorção atômica com forno de grafite e a concentração de fósforo foi medida por espectrometria de absorção óptica com plasma indutivamente acoplado. Os pais dos adolescentes responderam a questionário sobre possível exposição prévia (cinco primeiros anos de vida do adolescente) a chumbo decorrente de fontes de contaminação bem conhecidas. Usou-se regressão logística para identificar associações entre concentração de chumbo no esmalte e fatores de risco ambientais. Covariáveis familiares e sociais foram incluídas nos modelos. RESULTADOS: Os resultados sugerem que os jovens avaliados foram expostos a fontes de chumbo durante seus primeiros anos de vida. Os fatores de risco associados com o desfecho foram residir em área contaminada por chumbo ou nas suas proximidades (OR = 4,49; IC 95%: 1,69;11,97) e ter convivido, no mesmo domicílio, com pessoa que trabalhava em fábrica de tintas, pigmentos, cerâmicas ou baterias (OR = 3,43; IC 95%: 1,31;9,00). Ter usado, em casa, cerâmica vitrificada, brinquedos de baixa qualidade ou piratas, ter aplicado zarcão em portões de ferro sem cobertura esmaltada ou armazenar baterias de carro usadas na residência (OR = 1,31; IC 95%: 0,56;3,03) e hábito de fumar não foram associados com altas concentrações de chumbo no esmalte dentário (OR = 1,66; IC 95%: 0,52;5,28). CONCLUSÕES: O esmalte dentário superficial pode ser utilizado como marcador de exposição ambiental passada ao chumbo e as concentrações encontradas desse metal estão ligadas a fontes bem conhecidas de contaminação por chumbo.
OBJECTIVE: To analyze household risk factors associated with high lead levels in surface dental enamel. METHODS: A cross-sectional study was conducted with 160 Brazilian adolescents aged 14-18 years living in poor neighborhoods in the city of Bauru, southeastern Brazil, from August to December 2008. Body lead concentrations were assessed in surface dental enamel acid-etch microbiopsies. Dental enamel lead levels were measured by graphite furnace atomic absorption spectrometry and phosphorus levels were measured by inductively coupled plasma optical emission spectrometry. The parents answered a questionnaire about their children's potential early (05 years old) exposure to well-known lead sources. Logistic regression was used to identify associations between dental enamel lead levels and each environmental risk factor studied. Social and familial covariables were included in the models. RESULTS: The results suggest that the adolescents studied were exposed to lead sources during their first years of life. Risk factors associated with high dental enamel lead levels were living in or close to a contaminated area (OR = 4.49; 95% CI: 1.69;11.97); and member of the household worked in the manufacturing of paints, paint pigments, ceramics or batteries (OR = 3.43; 95% CI: 1.31;9.00). Home-based use of lead-glazed ceramics, low-quality pirated toys, anticorrosive paint on gates and/or sale of used car batteries (OR = 1.31; 95% CI: 0.56;3.03) and smoking (OR = 1.66; 95% CI: 0.52;5.28) were not found to be associated with high dental enamel lead levels. CONCLUSIONS: Surface dental enamel can be used as a marker of past environmental exposure to lead and lead concentrations detected are associated to well-known sources of lead contamination.
OBJETIVO: Analizar factores de riesgo en el ambiente domiciliar asociados con altos niveles de plomo en el esmalte dental superficial. MÉTODOS: Se realizó estudio transversal con 160 adolescentes brasileros (14 a 18 años), residentes en urbanizaciones pobres del municipio de Bauru, SP, de agosto a diciembre de 2008. La concentración de plomo en el esmalte dental fue evaluada por micro biopsias ácidas del esmalte dental superficial, cuantificada por espectrometría de absorción atómica con horno de grafito y la concentración de fósforo fue medida por espectrometría de absorción óptica con plasma inductivamente acoplado. Los padres de los adolescentes respondieron a cuestionario sobre posible exposición previa (5 primeros años de vida del adolescente) al plomo producto de fuentes de contaminación bien conocidas. Se usó regresión logística para identificar asociaciones entre concentración de plomo en el esmalte y factores de riesgo ambientales. Covariables familiares y sociales fueron incluidas en los modelos. RESULTADOS: Los resultados sugieren que los jóvenes evaluados fueron expuestos a fuentes de plomo durante sus primeros años de vida. Los factores de riesgo asociados con el resultado fueron residir en área contaminada por plomo o en sus proximidades (OR=4,49; IC 95%: 1,69;11,97) y haber convivido, en el mismo domicilio, con persona que trabajaba en fábrica de tintas, pigmentos, cerámicas o baterías (OR= 3,43; IC 95%: 1,31;9,00). Haber usado, en casa, cerámica vitrificada, juegos de baja calidad o piratas, haber aplicado zircón en portones de hierro sin cobertura esmaltada o almacenar baterías de carro usadas en la residencia (OR= 1,31; IC 95%: 0,56-3,03) y hábito de fumar no fueron asociados con altas concentraciones de plomo en el esmalte dental (OR=1,66; IC 95%: 0,52;5,28). CONCLUSIONES: El esmalte dental superficial puede ser utilizado como marcador de exposición ambiental pasada al plomo y las concentraciones encontradas de dicho metal están relacionadas con fuentes bien conocidas de contaminación por plomo.