RESUMO Os povos do mar estão ameaçados pela produção de subjetividade colonial capitalística que, por meio do dispositivo estado de exceção, tem o poder de fazer morrer os modos de viver em comunidade nos territórios das águas. Nesta cartografia, objetivou-se analisar processos de subjetivação, luta e resistência de pescadoras e pescadores artesanais de uma comunidade ante os empreendimentos eólicos na Planície Litorânea do Piauí, situada no Nordeste do Brasil. Trata-se de um modo de fazer pesquisa-intervenção, na qual se utilizou a participação observante para a produção de dados, compondo reuniões, encontros e audiências públicas com os participantes da pesquisa, além do uso de diários cartográficos para registros de relatos e escrita de si. A discussão e a análise dos resultados mostram a soberania do capital impactando a determinação social da saúde ao afetar as ecologias ambiental, subjetiva e social; luta e resistência como dimensões política da vida e de saúde como potência de vida; coexistência de políticas de morte e linhas de força da vida em comunidade; processos de subjetivação que ora expressam assujeitamentos, ora expressam singularizações ao agenciar coletivamente o desejo de resistência às políticas impostas pelo dispositivo estado de exceção.
ABSTRACT The peoples of the sea are threatened by the production of capitalistic colonial subjectivity which, through the state of exception device, has the power to make the ways of living in community in the water territories die. In this cartography, the objective was to analyze processes of subjectivation, struggle and resistance of artisanal fisherwomen and fishermen in a community in the face of wind farms in the Coastal Plain of Piauí, located in the Northeast of Brazil. It is a way of doing research-intervention, in which observant participation was used for data production, arranging reunions, meetings, and public hearings with the research participants, in addition to the use of cartographic journals for the recording of reports and writing of themselves. The discussion and analysis of the results show the sovereignty of capital, impacting the social determination of health by affecting environmental, subjective and social ecologies; struggle and resistance as political dimensions of life and health as a power of life; coexistence of death policies and community life force lines; subjectivation processes that sometimes express subjections, sometimes express singularities when collectively managing the desire to resist policies imposed by the state of exception device.