Este estudo teve como objetivo identificar a existência de itinerários terapêuticos compartilhados por usuários de serviços especializados de saúde mental em um município de médio porte. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre agosto e novembro de 2019 com 341 usuários de serviços especializados de saúde mental do Município de Itatiba, São Paulo, Brasil. Para identificação dos itinerários, a partir de um conjunto de variáveis, os usuários foram agrupados por meio da técnica de cluster. A melhor medida de silhueta de coesão e separação (> 0,3) para os clusters foi alcançada a partir de quatro variáveis: situação em que o problema de saúde mental foi identificado; local do primeiro atendimento; origem do encaminhamento para o serviço atual; e manutenção do vínculo com a atenção primária à saúde (APS). Os clusters identificados no estudo demonstraram: (1) baixa participação da APS no acolhimento dos casos novos com a maioria dos atendimentos acontecendo já em serviços especializados; (2) alta proporção de casos identificados em situações de crise; (3) baixa participação da APS na referência dos casos, com elevado acesso aos serviços especializados por meio de demanda espontânea; (4) falta de continuidade do cuidado na APS após a entrada no serviço especializado. Este estudo apontou para fragilidades importantes na rede de serviços estudada, evidenciando a necessidade de desenvolver estratégias que fomentem a integração dos serviços, especialmente no que se refere à APS, tanto para favorecer o acesso aos cuidados especializados em tempo oportuno como para viabilizar a continuidade do cuidado entre os diferentes pontos de atenção.
El estudio tuvo como objetivo identificar la existencia de itinerarios terapéuticos compartidos por usuarios de servicios especializados de salud mental en un municipio de tamaño mediano. Se trata de un estudio transversal, realizado entre agosto y noviembre del 2019 con 341 usuarios de servicios especializados de salud mental del municipio de Itatiba, estado de São Paulo, Brasil. Para identificar los itinerarios, con base en un conjunto de variables, se agrupó a los usuarios mediante la técnica de clúster. La mejor medida de silueta de cohesión y separación (> 0,3) para los clústeres se logró con base en cuatro variables: situación en la que se identificó el problema de salud mental, ubicación de la primera atención, origen de derivación al servicio actual y mantenimiento del vínculo con la atención primaria de salud (APS). Los conglomerados identificados en el estudio demostraron (1) baja participación de la APS en la acogida de nuevos casos, y la mayoría de las atenciones ya se realiza en servicios especializados; (2) alta proporción de casos identificados en situaciones de crisis; (3) baja participación de la APS en la derivación de casos, con alto acceso a servicios especializados por demanda espontánea; (4) falta de continuidad del cuidado en APS tras el ingreso en el servicio especializado. El estudio señaló importantes debilidades en la red de servicios estudiada, poniendo de manifiesto la necesidad de desarrollar estrategias que fomenten la integración de servicios, especialmente en lo que respecta a la APS, tanto para favorecer el acceso oportuno a los cuidados especializados como para hacer viable la continuidad del cuidado entre diferentes puntos de atención.
This study aimed to identify the existence of therapeutic itineraries shared by users of specialized mental health services in a medium-sized municipality. This is a cross-sectional study, carried out from August to November 2019 including 341 users of specialized mental health services in the municipality of Itatiba, São Paulo State, Brazil. To identify the itineraries, based on a set of variables, the users were grouped with clustering. The best measure of silhouette of cohesion and separation (> 0.3) for the clusters was achieved based on four variables: situation in which the mental health problem was identified, place of first care, origin of referral to the current service, and bond maintenance with primary health care (PHC). The clusters identified in the study demonstrated: (1) low participation of PHC in welcoming new cases, with most of the care taking place in specialized services; (2) high proportion of cases identified in crisis situations; (3) low participation of PHC in the referral of cases, with high access to specialized services by spontaneous demand; (4) lack of continuity in PHC services after entering the specialized service. The study highlighted significant weaknesses in the studied healthcare network, evincing the need to develop strategies that foster the services integration, especially regarding PHC, both to favor access to specialized care in a timely manner and to enable the continuity of care between different healthcare facilities.