Este trabalho pretende analisar o tipo de saber sobre a mulher produzido pela medicina a partir da constituição de uma medicina social, no século XIX, no Rio de Janeiro. Podemos observar a constituição de um discurso sobre o sexo feminino que, calcando-sena noção de degeneração psíquica, vai tratá-lo como possuidor de uma base degenerada, podendo portanto sucumbir às mais terríveis ameaças. Esse tipo de discurso que descreve a mulher como um ser doentio, capaz de fazer mal a si e a toda sociedade, viabiliza a tentativa de tomá-la cada vez mais incapaz de gerir sua própria vida, tratando como patológico qualquer comportamento que não corresponda ao modelo de esposa e mãe.
The paper analy zes the kind of kno wledge on women that has been produced by medicai science since the formation of social medicine in Rio de Janeiro in the nineteenth century. We can observe the emergence of a discourse conceming the feminine sex - a discourse that rests on the notion of psychic degenerateness and that would come to view the female sex as possessing a degenerate base and thus as liable to succumb to the most terrible menaces. This type of discourse, which paints woman as an unwholesome being capable of harming herself and ali society, would serve to ground the effort to make women ever more incapable of managing their own lives and to treat any behavior that fails to correspond to that of a model wife and mother as pathological.
Ce travail a pour but d'analy ser le type de savoir produit sur la femme par la médecine à partir de la constitution d'une médecine sociale, a Rio de Janeiro au XIXème siècle. On peut alors observer la formation de tout un discours concernant le sexe féminin oü, à partir de la notion de dégénération psychique, ce sexe apparait comme fondamentalement dégénéré, capable de succomber aux plus terribles menaces. Ce type de discours, oü la femme est décrite comme un être maladif, capable de porter préjudice à soimeme et à toute la société, va permettre le surgissement d'une tendance visant à la priver progressivement de tout pouvoir de gérer sa propre vie et va classer comme pathologique tout comportement échappant au modèle d'épouse et de mère.