Sepse é definida por síndrome da resposta inflamatória aguda secundária a um foco infeccioso. Associa-se a elevadas taxas de incidência, morbidade e mortalidade, gerando importante gastos financeiros, especialmente por causas de suas complicações, como choque séptico e disfunção de múltiplos órgãos. As toxinas dos patógenos, associadas à suscetibilidade individual, culminam com a liberação de citocinas capazes de promover resposta inflamatória aguda sistêmica, sendo esta uma das responsáveis pela disfunção de múltiplos órgãos e eventual óbito do paciente. Especificamente em relação a gestantes, as taxas de incidência e morbimortalidade são menores, dado que as mesmas representam um grupo mais jovem e com menos comorbidades. A etiologia mais comum nesse grupo é de origem polimicrobiana. A gestante apresenta particularidades fisiológicas que conferem características específicas na apresentação clínica e laboratorial da sepse nesse grupo. Assim, o melhor conhecimento dessas alterações é fundamental para melhor identificação e condução dessas pacientes. A presença do feto também confere singularidade na abordagem das mesmas. O tratamento da sepse baseia-se em algumas diretrizes que foram construídas após importantes ensaios clínicos, os quais, infelizmente, sempre tiveram as grávidas como fator de exclusão. Assim, extrapola-se o tratamento da sepse para a população em geral também para a população de gestantes, sendo as principais metas: manutenção da perfusão tecidual com reposição volêmica e drogas vasoativas (ressuscitação inicial); oxigenação adequada; controle do foco infeccioso e antibioticoterapia precoce; controle glicêmico; infusão de corticoide e transfusão sanguínea quando bem indicadas; profilaxias e, especificamente, vigilância e manutenção da vitalidade fetal.
Sepsis is defined as an acute inflammatory response syndrome secondary to an infectious focus. It has a high incidence, morbidity and mortality, causing substantial financial costs, especially due to complications such as septic shock and multiple organ dysfunction. The pathogen toxins associated with individual susceptibility culminate with cytokine release, which promotes a systemic inflammatory response that can progress to multiple organ dysfunction and eventual patient death. Specifically, sepsis incidence, morbidity and mortality are lower in pregnant women, as this group is typically younger with fewer comorbidities having a polymicrobial etiology resulting in sepsis. Pregnant women exhibit physiological characteristics that may confer specific clinical presentation and laboratory patterns during the sepsis course. Thus, a better understanding of these changes is critical for better identification and management of these patients. The presence of a fetus also requires unique approaches in a pregnant woman with sepsis. Sepsis treatment is based on certain guidelines that were established after major clinical trials, which, unfortunately, all classified pregnancy as a exclusion criteria. Thus, the treatment of sepsis in the general population has been extrapolated to the pregnant population, with the following main goals: maintenance of tissue perfusion with fluid replacement and vasoactive drugs (initial resuscitation), adequate oxygenation, control of the infection source and an early start of antibiotic therapy, corticosteroid infusion and blood transfusion when properly indicated, prophylaxis, and specifically monitoring and maintenance of fetal heath.