O artigo avalia o conhecimento e o uso dos mecanismos de articulação clínica entre níveis assistenciais em duas redes de atenção à saúde no Estado de Pernambuco, Brasil. Trata-se de estudo descritivo e transversal, do tipo inquérito. Foram entrevistados 381 médicos das redes públicas de saúde da atenção básica e atenção especializada dos municípios de Caruaru e Recife (Distritos Sanitários III e VII). Foi aplicado um questionário estruturado (COORDENA) para avaliar o conhecimento, frequência e características no uso dos seguintes mecanismos: formulário de referência e contrarreferência, resumo de alta, telefone e bilhetes (mecanismos de adaptação mútua), protocolos do Ministério da Saúde e sessões clínicas conjuntas (mecanismos de padronização). Os dados foram analisados por meio de frequências simples, médias e percentuais. De modo geral, os médicos da atenção básica conhecem e utilizam mais os mecanismos que os médicos da atenção especializada. Na comparação entre redes, Recife apresentou os melhores resultados. Os formulários de referência e contrarreferência foram os mais usados (61,4%) e as sessões clínicas conjuntas as de menor uso (8,6%), além da existência de mecanismos informais (telefone 58%, bilhete 56,6%, WhatsApp 2,6%). A subutilização dos mecanismos, a divergência de informações no envio e recebimento entre os profissionais da atenação básica e atenção especializada, e o uso inadequado dos mesmos sugerem falhas na comunicação entre os profissionais e entre os níveis de atenção. Os achados revelam a necessidade de investimentos que propiciem o conhecimento, a comunicação e a colaboração entre profissionais, contribuindo para uma melhor articulação entre os diferentes níveis assistenciais.
This article assesses awareness and use of mechanisms for clinical coordination between service levels in two health care networks in the Pernambuco State, Brasil. It is a descriptive, cross-sectional, survey-based study. We interviewed 381 doctors from the public primary health care and specialized health care networks in the cities of Caruaru and Recife (Sanitary Districts III and VII). We used a structured questionnaire (COORDENA) in order to assess awareness, frequency and characteristics of the use of the following mechanisms: referral and reply letters, discharge summary, phone and notes (mutual adaptation mechanisms), Health Ministry protocols and joint clinical sessions (standardization mechanisms). We analyzed the data using simple frequencies, means and percentages. In general, primary health care doctors are more familiar with the mechanisms, and use them more frequently, than specialized health care doctors. In the comparison between networks, Recife had better results. Referral and reply letters were the most used (61.4%) and joint clinical sessions were the least used (8.6%), in addition to the existence of informal mechanisms (phone 58%, notes 56.6%, WhatsApp 2.6%). Underutilization of mechanisms, divergences in information sent and received between primary health care and specialized health care professionals and inadequate mechanism use suggest communication failures among professionals and service levels. The findings reveal a need for investments that enable awareness, communication and collaboration between professionals, contributing to a better coordination between the different services levels.
El artículo evalúa el conocimiento y el uso de los mecanismos de coordinación clínica entre niveles asistenciales en dos redes de atención de salud en el Estado de Pernambuco, Brasil. Se trata de un estudio descriptivo y transversal, basado en una encuesta. Se entrevistaron a 381 médicos de las redes públicas de salud en la atención básica y atención especializada de los municipios de Caruaru y Recife (Distritos Sanitarios III y VII). Se aplicó un cuestionario estructurado (COORDENA) para evaluar el conocimiento, frecuencia y características en el uso de los siguientes mecanismos: formularios de referencia y contrarreferencia, resumen de alta, teléfono y notas (mecanismos de adaptación mutua), protocolos del Ministerio de Salud y sesiones clínicas conjuntas (mecanismos de estandarización). Los datos se analizaron mediante frecuencias simples, medias y porcentajes. De manera general, los médicos de la atención primaria conocen y utilizan más los mecanismos que los médicos de la atención especializada. En la comparación entre redes, Recife presentó mejores resultados. Los formularios de referencia y contrarreferencia fueron los más utilizados (61,4%) y las sesiones clínicas conjuntas las de menor uso (8,6%), además de la existencia de mecanismos informales (teléfono un 58%, nota un 56,6%, WhatsApp un 2,6%). La subutilización de los mecanismos, la divergencia de información en el envío y recepción entre los profesionales de la atención primaria y atención especializada y el uso inadecuado de los mismos sugieren fallos en la comunicación entre los profesionales y entre los niveles de atención. Los hallazgos revelan la necesidad de intervenciones que propicien el conocimiento, la comunicación y la colaboración entre profesionales, contribuyendo a una mejor coordinación entre los diferentes niveles asistenciales.