RESUMO Objetivo: avaliar benefícios e desvantagens do posicionamento em decúbito ventral em relação ao de Lloyd-Davies, de pacientes submetidos à amputação abdominoperineal de reto. Métodos: estudo retrospectivo de 56 pacientes submetidos à amputação abdominoperineal de reto por neoplasias de reto distal e de canal anal, tratados no Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo entre 2008 e 2017. Resultados: a média de idade dos pacientes foi de 63,08 anos, sendo 48,2% deles mulheres e 51,8%, homens. Adenocarcinoma foi o tipo histológico em 94,6% dos casos e carcinoma espinocelular em 5,4%. A posição de Lloyd-Davies foi a adotada em 66,1% das cirurgias e a posição ventral em 33,9%. No momento da cirurgia quatro pacientes apresentavam metástases sincrônicas: hepática (um caso), pulmonar (um caso) e hepática e pulmonar simultâneas (dois casos). Tratamento neoadjuvante foi realizado em 85,7% dos pacientes. Complicações pós-operatórias tardias ocorreram em 13 pacientes operados na posição clássica e em um paciente operado em decúbito ventral. O tempo de sobrevida global para o grupo operado na posição clássica foi, em média, de 45,7 meses, enquanto que no grupo operado em decúbito ventral foi de 15,5 meses. Conclusão: o grupo da posição ventral apresentou menor necessidade de infusão de volume intravenoso intraoperatório e menos complicações pós-cirúrgicas tardias, enquanto que o grupo Lloyd-Davies obteve melhores tempos cirúrgicos e anestésicos. Recidiva, tempo livre de doença e sobrevida global devem ser avaliados em um tempo maior de seguimento.
ABSTRACT Objective: to evaluate the benefits and disadvantages of the ventral decubitus position compared with that of Lloyd-Davies in patients submitted to abdominoperineal amputation of the rectum. Methods: we conducted a retrospective study of 56 patients submitted to abdominoperineal amputation of the rectum due to distal rectal and anal canal neoplasms, treated at the Central Hospital of the Santa Casa de Misericórdia in São Paulo between 2008 and 2017. Results: patients’ mean age was 63.08 years, 48.2% of them women and 51.8%, men. Adenocarcinoma was the histological type, in 94.6% of cases, and squamous cell carcinoma, in 5.4%. The position of Lloyd-Davies was adopted in 66.1% of the procedures, and the ventral position, in 33.9%. At the time of surgery, four patients had synchronous metastases: hepatic (one case), pulmonary (one case) and simultaneous liver and lung (two cases). Neoadjuvant treatment was performed in 85.7% of the patients. Late postoperative complications occurred in 13 patients operated in the classic position and in one patient operated on in the ventral decubitus position. The overall survival time for the group operated in the classic position was on average 45.7 months, while in the group operated on in the ventral decubitus position it was 15.5 months. Conclusion: the ventral position group presented less need for intraoperative intravenous volume infusion and fewer postoperative complications, whereas the Lloyd-Davies group had better surgical and anesthetic times. Relapse, disease-free time, and overall survival should be evaluated at a longer follow-up time.