FUNDAMENTO: A doença cardiovascular continua a ser principal causa de morte nos países desenvolvidos e não é inteiramente prevista por fatores de risco clássicos. O aumento da rigidez arterial constitui um importante determinante de morbidade e mortalidade cardiovascular. OBJETIVO: Avaliar se a velocidade da onda de pulso prediz a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) em pacientes hipertensos. MÉTODOS: Estudo de coorte, observacional, prospetivo, multicêntrico, incluindo 1.133 pacientes hipertensos (586 homens), com uma média de idade de 51,05 ± 12,64 anos. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação da VOP pelo método Complior, a uma avaliação clínica pormenorizada e à medição da pressão arterial. RESULTADOS: A incidência cumulativa de risco de AVC nos hipertensos com VOP aumentada foi de 3,25% (IC: 1,97%-5,25%), em comparação com 0,78% (IC: 0,28% - 1,87%) nos hipertensos com VOP normal (risco relativo (RR) = 4,15; IC: 1,53 - 11,26). Numa análise multivariável, ajustando o modelo aos fatores de risco cardiovasculares clássicos, a VOP foi um preditor independente de AVC, com um hazard ratio (HR) = 1,40 (IC: 1,13 - 1,73, p < 0,002), indicando um incremento de 40% no risco de AVC por cada incremento de 1 m/seg na VOP. A adição da VOP a um modelo composto pelos fatores de risco cardiovascular convencionais melhorou significativamente a sua capacidade discriminativa para o risco de AVC (C de Harrel aumentou de 0,68 para 0,71 após inclusão da VOP; p <0,01). CONCLUSÃO: A distensibilidade arterial aferida pela VOP aórtica é um fator de risco independente de AVC em pacientes hipertensos, sendo recomendável a sua integração em programas de follow-up de situações em que o risco cardiovascular é manifesto.
BACKGROUND: Cardiovascular disease remains the leading cause of death in developed countries and is not entirely predicted by classic risk factors. Increased arterial stiffness is an important determinant of cardiovascular morbidity and mortality. OBJECTIVE: To assess whether Aortic Pulse Wave Velocity (PWV) predicts the occurrence of stroke in hypertensive patients METHODS: A cohort, observational and prospective study, including 1133 hypertensive patients (586 men), with a mean age 51.05 ± 12.64 years, was designed. PWV with the Complior method was performed in all patients, as well as a detailed clinical evaluation and blood pressure measurement. RESULTS: The cumulative incidence of stroke in hypertensive patients with increased PWV was 3.25% (CI: 1.97% -5.25%), compared with 0.78% (CI: 0.28% -1.87%) in hypertensive patients with normal PWV (Risk Ratio (RR) =4.15; CI:1.53-11.26). In a multivariate analysis, adjusting the model to classical cardiovascular risk factors, PWV was an independent predictor of stroke, with a Hazard Ratio (HR) = 1.40 (CI:1.13-1.73, p<0.001), indicating a 40% increase in the risk of stroke per 1m/s increment in PWV. The addition of PWV to a model consisting of conventional cardiovascular risk factors significantly improved the discriminative capacity for stroke (Harrell's C increased from 0.68 to 0.71 after the inclusion of the PWV; p<0.01). CONCLUSION: Aortic PWV is a risk factor for stroke in hypertensive patients, and its integration into clinical follow-up programs in patients whose cardiovascular risk is manifest is strongly recommended.