Resumo: O objetivo do estudo foi identificar as múltiplas exposições ao risco de faltar ao trabalho, independentemente do motivo relatado pelos professores (n = 6.510). Foram utilizados dados de um inquérito telefônico sobre a saúde, condições de trabalho e absenteísmo entre professores da Educação Básica no Brasil (Estudo Educatel, 2015/2016). As exposições foram identificadas e estudadas por meio da análise de componentes principais e regressão de Poisson, com foco nas condições de trabalho e na qualidade da gestão nas escolas. Três componentes de fatores de risco para faltar ao trabalho foram identificados. O componente 1 foi caracterizado pela falta de oportunidade para novos aprendizados, insuficiência de tempo para a realização das tarefas, percepção de cerceamento da autonomia e baixo ou nenhum apoio social no ambiente escolar; o componente 2 pela percepção de alta exigência das tarefas, ambiente agitado devido à indisciplina dos alunos e ruído intenso; e o componente 3 pela vivência de violência verbal ou física praticada pelos alunos. Os três componentes apresentaram maior magnitude de associação às faltas ao trabalho diante do relato de estresse na escola (RPa = 3,87; IC95%: 2,93-5,10; p < 0,05/RPa = 3,18; IC95%: 2,47-4,09; p < 0,05/RPa = 3,31; IC95%: 2,58-4,25; p < 0,05, respectivamente) e por problemas emocionais (RPa = 2,28; IC95%: 1,93-2,70; p < 0,05/RPa = 2,43; IC95%: 2,05-2,87; p < 0,05/RPa = 2,09; IC95%: 1,78-2,45; p < 0,05, respectivamente). A identificação desses componentes de risco evidenciou a necessidade de mudanças sistêmicas nas escolas da Educação Básica no país.
Abstract: The study aimed to identify multiple exposures to the risk of work absenteeism among Brazilian schoolteachers, independently of the reasons reported by teachers (n = 6,510). The data came from a telephone survey on health, working conditions, and absenteeism among schoolteachers in Brazil (Educatel Study, 2015/2016). Exposures were identified and studied by principal components analysis and Poisson regression, with a focus on working conditions and quality of school administration. Three components of risk factors for work absenteeism were identified. Component 1 featured lack of opportunities for new learning experiences, insufficient time for performing tasks, constraints on teachers’ autonomy, and little or no social support in the school environment; component 2 was characterized by the perception of heavy demand from tasks and an agitated classroom environment due to students’ lack of discipline and intense noise; and component 3 by the experience of verbal or physical violence from students. All three components were specially associaed with stress-related work absenteeism in relation to reported stress at school (aPR = 3.87; 95%CI: 2.93-5.10; p < 0.05/aPR = 3.18; 95%CI: 2.47-4.09; p < 0.05/aPR = 3.31; 95%CI: 2.58-4.25; p < 0.05; respectively) and emotional problems (aPR = 2.28; 95%CI: 1.93-2.70; p < 0.05/aPR = 2.43; 95%CI: 2.05-2.87; p < 0.05/aPR = 2.09; 95%CI: 1.78-2.45; p < 0.05; respectively). The identification of these risk components highlighted the need for systemic changes in Brazilian Basic Education schools.
Resumen: El objetivo del estudio fue identificar las múltiples exposiciones referentes al riesgo de faltar al trabajo, independientemente del motivo informado por los profesores (n = 6.510). Se utilizaron datos de una encuesta telefónica sobre salud, condiciones de trabajo y absentismo entre profesores de Educación Básica en Brasil (Estudio Educatel, 2015/2016). Las exposiciones se identificaron e estudiaron mediante un análisis de componentes principales y regresión de Poisson, centrándose en las condiciones de trabajo y calidad de la gestión en las escuelas. Se identificaron tres componentes como factores de riesgo para faltar al trabajo. El componente 1 se caracterizó por la falta de opciones relacionadas con la actualización en formación, insuficiencia de tiempo para la realización de tareas, percepción de recortes en su autonomía y el bajo o nulo apoyo social en el ambiente escolar; el componente 2 lo fue por la percepción de alta exigencia en las tareas, ambiente convulso, debido a la indisciplina de los alumnos y ruido intenso; y el componente 3 por la vivencia de violencia verbal o física ejecutada por alumnos. Los tres componentes presentaron mayor magnitud de asociación con las faltas de trabajo, ante el informe de estrés en la escuela (RPa = 3,87; IC95%: 2,93-5,10; p < 0,05/RPa = 3,18; IC95%: 2,47-4,09; p < 0,05/RPa = 3,31; IC95%: 2,58-4,25; p < 0,05, respectivamente) y por problemas emocionales (RPa = 2,28; IC95%: 1,93-2,70; p < 0,05/RPa = 2,43; IC95%: 2,05-2,87; p < 0,05/RPa = 2,09; IC95%: 1,78-2,45; p < 0,05, respectivamente). La identificación de estos componentes de riesgo evidenció la necesidad de cambios sistémicos en las escuelas de Educación Básica en el país.