Um estudo dos fatores associados à forma hepatoesplênica foi desenvolvido em uma área endêmica (Comercinho, Minas Gerais), onde a prevalência da infecção pelo Schistosoma mansoni era 70,4%. Dos 1408 habitantes com > 2 anos de idade, 1162 (82,5%) participaram do estudo. As características sócio-demográficas e os motivos de contatos com águas dos pacientes com forma hepatoesplênica (n = 73) foram comparados aos daqueles sem esplenomegalia que apresentavam (controles positivos; n = 804) ou não (controles negativos; n = 285) ovos de S. mansoni nas fezes. A análise multivariada foi feita, considerando a existência de colinearidade entre a situação sócio-econômica da família, a fonte de água do domicílio e o tomar banho nos córregos. Os resultados mostram que a presença da forma hepatoesplênica em crianças estava fortemente associada à ocupação do chefe de família (trabalhadores manuais) (OR = 11,4; IC 95% = 1,4-91,8), à ausência de água encanada (OR = 7,7; IC 95% = 2,6-23,1) e ao hábito de tomar banho nos córregos (OR e IC 95% = 7,6); 2,5-22,9 e 5,7; 1,3-25,5 para contatos mais (> uma vez/semana) e menos freqüentes, respectivamente esse hábito implicava contatos mais intensos e era conseqüência dos primeiros fatores. Os resultados são sugestivos de que o abastecimento de água no domicílio pode reduzir a morbidade da esquistossomose por diminuir a necessidade de contatos intensos com águas naturais.
A study of factors associated with the hepatosplenic clinical form of schistosomiasis was carried out in an endemic area (Comercinho, Minas Gerais) where prevalence of Schistosoma mansoni infection was 70.4%. Of the 1,408 inhabitants aged two years and over, 1,162 (82.5%) participated in the study. Socio-demographic characteristics and reasons for water contacts of individuals with the hepatosplenic form (n = 73) were compared to those who did not present splenomegaly and eliminated (positive controls; n + 804) or did not eliminate S. mansoni eggs in stools (negative controls; n = 285). Multivariate analysis was performed, considering the existence of colinearity among socio-economic status of the family, running water in the household, and bathing in streams. The hepatosplenic form in children was strongly associated with occupation of the head of the family (manual workers) (OR = 11.4; 95% CI = 1.4 - 91.8), absence of running water in the household (OR = 7.7; 95% CI = 2.6 - 23.1), and bathing in streams (OR and 95% CI 7.6; 2.5-22.9 and 5.7; 1.3-25.5 for frequencies > weekly and <= weekly, respectively); bathing in streams, which implies intense contacts, was a consequence of the first two factors. Our results suggest that running water in the household can decrease morbidity from schistosomiasis because it reduces the need for intense contacts with streams.