RACIONAL: A ressecção hepática constitui o principal tratamento da maioria das neoplasias primárias do fígado e de casos selecionados de tumores metastáticos. Entretanto, este procedimento está associado a taxas expressivas de morbidade e mortalidade. OBJETIVO: Analisar a experiência com hepatectomia em um período de 10 anos para determinar os fatores de risco, a morbidade e a mortalidade das ressecções hepáticas. PACIENTES E MÉTODOS: Revisão retrospectiva dos prontuários médicos dos pacientes que foram submetidos a hepatectomia no período de janeiro de 1994 a março de 2003. RESULTADOS: Foi realizada hepatectomia em 83 pacientes (41 mulheres e 42 homens) durante o período do estudo. A idade média dos pacientes foi de 52,7 anos, com variação de 13 a 82 anos. As principais indicações de ressecção hepática foram carcinoma do intestino grosso metastático (36 pacientes) e carcinoma hepatocelular (19 pacientes). Hepatectomias ampliadas e maiores foram realizadas em 20,4% e 40,9% dos pacientes, respectivamente. Transfusão sangüínea foi necessária em 38,5% das operações. A morbidade total foi 44,5%. Complicações com risco de vida ocorreram em 22,8% dos casos e as mais comuns foram pneumonia, insuficiência hepática, coleção intra-abdominal e sangramento intra-abdominal. Entre as complicações menores (30%), as mais comuns foram extravasamento biliar e derrame pleural. O tamanho do tumor e transfusão sangüínea foram associadas com complicações maiores (P = 0,0185 e P = 0,0141, respectivamente). A mortalidade operatória foi de 8,4% e os fatores de risco relacionados com a mortalidade foram idade avançada e realização de exclusão vascular (P = 0,0395 e P = 0,0404, respectivamente). O período de internação médio foi de 6,7 dias. CONCLUSÃO: As hepatectomias podem ser realizadas com baixa mortalidade e aceitável morbidade. Transfusão sangüínea pode ser reduzida com o emprego de técnica meticulosa e quando indicada, a exclusão vascular.
BACKGROUND: Liver resection constitutes the main treatment of most liver primary neoplasms and selected cases of metastatic tumors. However, this procedure is associated with significant morbidity and mortality rates. AIM: To analyze our experience with liver resections over a period of 10 years to determine the morbidity, mortality and risk factors of hepatectomy. PATIENTS AND METHODS: Retrospective review of medical records of patients who underwent liver resection from January 1994 to March 2003. RESULTS: Eighty-three (41 women and 42 men) patients underwent liver resection during the study period, with a mean age of 52.7 years (range 13-82 years). Metastatic colorectal carcinoma and hepatocellular carcinoma were the main indications for hepatic resection, with 36 and 19 patients, respectively. Extended and major resections were performed in 20.4% and 40.9% of the patients, respectively. Blood transfusion was needed in 38.5% of the operations. Overall morbidity was 44.5%. Life-threatening complications occurred in 22.8% of cases and the most common were pneumonia, hepatic failure, intraabdominal collection and intraabdominal bleeding. Among minor complications (30%), the most common were biliary leakage and pleural effusion. Size of the tumor and blood transfusion were associated with major complications (P = 0.0185 and P = 0.0141, respectively). Operative mortality was 8.4% and risk factors related to mortality were increased age and use of vascular exclusion (P = 0.0395 and P = 0.0404, respectively). Median hospital stay was 6.7 days. CONCLUSION: Liver resections can be performed with low mortality and acceptable morbidity rates. Blood transfusion may be reduced by employing meticulous technique and, whenever indicated, vascular exclusion.