Este artigo tem por objetivo discutir, a partir de indícios observados no discurso de professores alfabetizadores, o impacto que o Proalfa (Programa de Avaliação da Alfabetização do Estado de Minas Gerais) pode causar na prática docente. Foram utilizados como instrumentos de investigação a pesquisa documental, e, como instrumento central, realizamos dois encontros com um grupo focal formado por sete professoras alfabetizadoras. Como aporte teórico-metodológico, utilizaram-se conceitos como os de reforma e mudança, propostos por Popkewitz, táticas e estratégias, postulado por Certeau, além dos conceitos de polifonia e vozes, discurso de autoridade e internamente persuasivos, da teoria da enunciação de Bakhtin. Os resultados indicam que, diante das estratégias de governo, os professores lançam mão de táticas de consumo daquilo que é imposto às escolas como algo a ser seguido. As táticas variam de acordo com a legitimação conferida aos objetivos dessa política, ou seja, para que as professoras ajam de forma a corroborar o Proalfa, primeiro, elas têm que estar convencidas de que dará certo. Nos aspectos em que esse convencimento não se concretiza, elas colocam em prática as táticas de resistência, principalmente através de discursos marcados por elementos explicativos daquilo que não está sendo alcançado, bem como de suas possíveis causas.
The objective of this article is to discuss, based on evidences gathered from the discourse of literacy teachers, the impact that the Proalfa Program (Literacy Evaluation Program of the State of Minas Gerais) may have on their practice. The investigation instruments used were a documental research and, as a central tool, two meetings with a focus group comprised of seven literacy teachers. Theoretical-methodological support was drawn from concepts such as those of reform and change, as proposed by Popkewitz, tactics and strategies, postulated by Certeau, and also the concepts of polyphony and voices, authority discourse and internally persuasive, from Bakhtin's enunciation theory. Results indicate that, faced with government strategies, teachers resort to tactics of consumerism of what is imposed to schools as something to be followed. The tactics employed vary according with the legitimacy attributed to the objectives of the policy, that is to say, in order to have teachers act in such a way as to contribute to the Proalfa, they first have to be convinced that it will work. In the aspects where this persuasion fails to occur, teachers put in practice resistance tactics, mainly through discourses characterized by elements explaining what is not being achieved, as well as the possible causes for it.