RESUMO Embora o diagnóstico da EM tenha se modificado na última década, ainda tem como requisito básico a demonstração da disseminação no tempo e no espaço, através do quadro clínico e do exame de ressonância magnética. A síntese intratecal de imunoglobulina pode ser um marcador inespecífico e não há biomarcadores plasmáticos que sejam úteis no diagnóstico da EM, impondo desafios à sua detecção precoce. Métodos Realizamos uma análise lipidômica preliminar por espectrometria de massas, não direcionada, qualitativa, comparando amostras de LCR e plasma de pacientes com EM, outras doenças neurológicas inflamatórias e hipertensão intracraniana idiopática (HII). Resultados A identificação lipídica revelou que os ácidos graxos e esfingolipídios foram as classes mais abundantes de lipídios no LCR e que glicerolipídios e ácidos graxos foram a principal classe de lipídios no plasma de pacientes com EM. A AUC foi de 0,995 (0,912–1) e 0,78 (0,583–0,917), respectivamente. O teste de permutação indicou que essa combinação de íons foi útil para distinguir a EM de outras doenças inflamatórias (p < 0,001 e 0,055, respectivamente). Conclusão Este estudo sugere que o líquido cefalorraquidiano (LCR) e o plasma de pacientes com EM possuem uma assinatura lipídica única, pode ser útil como um biomarcador diagnóstico.
ABSTRACT The diagnosis of multiple sclerosis (MS) has changed over the last decade, but remains a composite of clinical assessment and magnetic resonance imaging to prove dissemination of lesions in time and space. The intrathecal synthesis of immunoglobulin may be a nonspecific marker and there are no plasma biomarkers that are useful in the diagnosis of MS, presenting additional challenges to their early detection. Methods We performed a preliminary untargeted qualitative lipidomics mass spectrometry analysis, comparing cerebrospinal fluid (CSF) and plasma samples from patients with MS, other inflammatory neurological diseases and idiopathic intracranial hypertension. Results Lipid identification revealed that fatty acids and sphingolipids were the most abundant classes of lipids in the CSF and that glycerolipids and fatty acids were the main class of lipids in the plasma of patients with MS. The area under the curve was 0.995 (0.912–1) and 0.78 (0.583–0.917), respectively. The permutation test indicated that this ion combination was useful for distinguishing MS from other inflammatory diseases (p < 0.001 and 0.055, respectively). Conclusion This study concluded that the CSF and plasma from patients with MS bear a unique lipid signature that can be useful as a diagnostic biomarker.