INTRODUÇÃO: Em úlceras venosas, a presença de Staphylococcus aureus e coagulase negativo com fenótipos de resistência pode constituir fator agravante e limita as opções terapêuticas. MÉTODOS: Foram avaliados estafilococos isolados de 69 pacientes, representando 98 úlceras no período de outubro de 2009 a outubro de 2010. A detecção fenotípica da resistência ao grupo macrolide, lincosamide, streptogramin B (MLS B) foi realizada pelo D-test. Isolados resistentes a cefoxitina e/ou oxacilina (disco-difusão) foram submetidos ao teste confirmatório para detecção da minimum inhibitory concentration (MIC), empregando fitas de oxacilina (E-test®). RESULTADOS: A prevalência de S. aureus foi de 83% e de 15% de coagulase-negative staphylococcus (CoNS). Identificou-se 28% de methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) e 47% de methicillin-resistant coagulase-negative staphylococcus (MRCoNS). Entre o S. aureus, 69,6% apresentaram resistência a eritromicina, 69,6% a clindamicina, 69,6% a gentamicina e 100% a ciprofloxacina. Setenta e quatro por cento dos MRSA apresentaram elevado nível de resistência a oxacilina, MIC ≥ 256µg/mL, e em 65,2% predominou a resistência constitutiva MLS Bc. Dos 20 isolados sensíveis a clindamicina, 12 apresentaram fenótipo MLS B induzível. Um total de 71,4% dos MRCoNS apresentaram resistência a eritromicina, ciprofloxacina e gentamicina. Dos isolados positivos para a enzima β-lactamases, as MIC tiveram breakpoint entre 0,5 a 2µg/mL. CONCLUSÕES: Os resultados sinalizam elevada ocorrência de bactérias multirresistentes em úlceras venosas de pacientes recebendo atenção primária, evidenciando a necessidade de medidas preventivas que evitem surtos causados por patógenos resistentes a múltiplas drogas e a importância dos profissionais em discernir infecção de colonização em úlcera venosa, critério fundamental na indicação antibioticoterapia sistêmica.
INTRODUCTION: In venous ulcers, the presence of Staphylococcus aureus and coagulase-negative staphylococcus resistance phenotypes can aggravate and limit the choices for treatment. METHODS: Staphylococcus isolated from 69 patients (98 ulcers) between October of 2009 and October of 2010 were tested. The macrolide, lincosamide, streptogramin B (MLS B) group resistance phenotype detection was performed using the D-test. Isolates resistant to cefoxitin and/or oxacillin (disk-diffusion) were subjected to the confirmatory test to detect minimum inhibitory concentration (MIC), using oxacillin strips (E-test®). RESULTS: The prevalence of S. aureus was 83%, and 15% of coagulase-negative staphylococcus (CoNS). In addition were detected 28% of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) and 47% of methicillin-resistant coagulase-negative staphylococcus (MRCoNS). Among the S. aureus, 69.6% were resistant to erythromycin, 69.6% to clindamycin, 69.6% to gentamicin, and 100% to ciprofloxacin. Considering the MRSA, 74% were highly resistant to oxacillin, MIC ≥ 256µg/mL, and the MLS Bc constitutive resistance predominated in 65.2%. Among the 20 isolates sensitive to clindamycin, 12 presented an inducible MLS B phenotype. Of the MRCoNS, 71.4%were resistant to erythromycin, ciprofloxacin and gentamicin. Considering the isolates positive for β-lactamases, the MIC breakpoint was between 0.5 and 2µg/mL. CONCLUSIONS: The results point to a high occurrence of multi-drug resistant bacteria in venous ulcers in primary healthcare patients, thus evidencing the need for preventive measures to avoid outbreaks caused by multi-drug resistant pathogens, and the importance of healthcare professionals being able to identifying colonized versus infected venous ulcers as an essential criteria to implementing systemic antibacterial therapy.