Resumo No campo da terapia ocupacional, as atividades – que se atualizam na ação e no fazer das gentes – são abordadas com base em múltiplas óticas: como recurso, instrumento, ferramenta ou objeto de estudo. Este texto buscará pensar as atividades na terapia ocupacional com base em uma perspectiva ontológica, isto é, como elemento constitutivo da vida dos seres humanos. Do ponto de vista ontológico, as ações e os fazeres constituem o seres humanos na medida em que, por meio delas, as gentes criam e recriam as relações que estabelecem entre si, o mundo em que vivem juntas e uma multiplicidade de formas de vida, ao mesmo tempo em que perseveram na existência, perpetuando a vida que atravessa seus corpos. Considerando as atividades com base em uma perspectiva ontológica, apresentaremos o pensamento de Hannah Arendt e o seu conceito de ação, buscando um diálogo com a terapia ocupacional. Arendt colocou a vida ativa no centro de sua reflexão, privilegiando a política e a coexistência entre os seres humanos em sua pluralidade. Para a autora, a liberdade, exercida e experimentada no mundo comum e na esfera pública, garante a existência de seres singulares que, por meio do pensamento, da palavra e da ação vivas, exercem uma ética na forma de cuidado com o mundo.
Abstract In Occupational Therapy, activities - which take shape in actions and doings - are approached from multiple perspectives: as a resource, instrument, tool, or object of study. This text will try to think about activities in occupational therapy from an ontological perspective, as a constitutive element of human life. From the ontological point of view, actions and doings constitute human beings: through them, people create and recreate the relationships they establish among themselves, the world in which they live together, a multiplicity of forms of life, and, at the same time, they persevere in existence, perpetuating the life that goes through their bodies. Considering activities from an ontological perspective, we will present Hannah Arendt's thinking and her concept of action, proposing a dialogue with occupational therapy. Arendt placed vita activa at the center of her reflection, focusing on politics and coexistence among human beings in their plurality. For her, freedom, exercised and experienced in the common world and the public sphere, guarantees the existence of singular beings who, through living thought, word and action, exercise an ethic in the form of caring for the world.