Resumo Na metade do século passado, os Xetá, grupo indígena de língua tupi-guarani, violentado de diferentes formas, teve consolidado o contato com os brancos, na serra dos Dourados, no noroeste do estado do Paraná. Naquela ocasião, José Loureiro Fernandes e Vladimir Kozák, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, realizaram expedições ao local e legaram importantes registros (cadernetas de campo, artigos, filmes e correspondências) sobre o grupo recém-contatado. Neste artigo trato dos usos dos documentos produzidos por ambos, indicando, sobretudo, como vêm servindo, aos novos pesquisadores e aos próprios indígenas, para fins políticos, seja com vistas à demarcação do antigo território xetá - processo que ainda não foi concluído pelo Estado - seja pelo reconhecimento da memória da violência sofrida pelo grupo.
Abstract In the middle of the last century, the Xetá, an indigenous group of Tupi-Guarani speakers that had been subjected to different forms of violence, consolidated contact with the whites in serra dos Dourados, in the northwest of the state of Paraná. On that occasion, José Loureiro Fernandes and Vladimir Kozák, researchers from the Federal University of Paraná, made expeditions to the area, leaving for posterity important records (field notebooks, correspondence, articles and films) about the newly contacted group. In this article I deal with the uses of the documents produced by both, indicating, above all, how they have served new researchers and the Indigenous people themselves for political ends: either toward the demarcation of the traditional territory of the Xetá - a process that has not yet been concluded by the government - or toward the recognition of the violence suffered by the group.