Resumo Trata-se de discutir a interpretação de Jessé Souza sobre o Brasil a partir de dois argumentos interligados. O primeiro, apresentado na primeira parte, é a ideia de que Jessé Souza, em A modernidade seletiva absorve, acriticamente, certa ambiguidade presente na teoria de Max Weber da racionalização moderna. Isto é, as concepções weberianas de que as singularidades definem o processo de formação de sociedades modernas, e de que o modelo de sociedade europeia se expandiria para todos os cantos do mundo orientam a crítica do autor à interpretação clássica de que a modernidade brasileira é atávica. O segundo argumento é uma consequência lógica do primeiro, pois pretende mostrar que seu conceito de modernidade seletiva incorre no equívoco semelhante de supor um ideal de modernidade no qual o Brasil, como realidade histórica, deveria se espelhar.
Abstract The purpose of this paper is to discuss Jessé Souza’s interpretation of Brazil. To this end I develop two interrelated arguments. The first, presented in the first part, is the idea that Jessé Souza in Selective modernity uncritically absorbs a certain ambiguity present in Max Weber’s theory of modern rationalization: namely, the Weberian idea that, on the one hand, singularities define the process of formation of modern societies, and, on the other, the European model of society would expand to all parts of the world. These orient Jessé Souza’s critique of the classical interpretation that Brazilian modernity is atavistic. The second argument is a logical consequence of the first, intending to show that his concept of selective modernity makes the same mistake of assuming an ideal of modernity upon which Brazil, as a historical reality, should model itself.