JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Comparou-se a ação de duas drogas coadjuvantes da anestesia, remifentanil e dexmedetomidina, na recuperação anestésica e na evolução do pH e da PaCO2, em pacientes com obesidade mórbida que foram submetidos à cirurgia de Capella. MÉTODO: O estudo foi aleatório, prospectivo e duplamente encoberto. Noventa e dois pacientes foram designados a um de dois grupos e submetidos à técnica anestésica (geral/peridural) padronizada. O grupo Remifentanil (Grupo R) e o da Dexmedetomidina (Grupo D) receberam infusão contínua por via venosa destas drogas (0,1 µg.kg-1.min-1 e 0,5 µg.kg-1.h-1 peso ideal mais 30% para ambas) logo após a intubação traqueal. Os pacientes foram monitorizados com pressão arterial média invasiva, oximetria de pulso, EEG bispectral (BIS), capnografia, estimulador de nervo periférico e ECG. Foram avaliados: 1) diferentes tempos de recuperação anestésica (abertura dos olhos, reinicio da respiração espontânea, tempo de extubação traqueal, tempo para de alta da sala de recuperação pós-anestésica e hospitalar), 2) a evolução da gasometria arterial, e 3) analgesia pós-operatória. RESULTADOS: Oitenta e oito pacientes foram avaliados. Os pacientes do grupo R apresentaram abertura ocular precoce (9,49 ± 5,61 min versus 18,25 ± 10,24 min, p < 0,0001), menor tempo para reiniciar a ventilação espontânea (9,78 ± 5,80 min versus 16,58 ± 6,07 min, p < 0,0001), e menor tempo para a extubação traqueal (17,93 ± 10,39 min versus 27,53 ± 13,39 min, p < 0,0001). Não houve diferença quanto ao tempo para alta anestésica (105,18 ± 50,82 min versus 118,69 ± 56,18 min) e para alta hospitalar (51,13 ± 6,37 horas versus 52,50 ± 7,09 horas). Os dois grupos apresentaram diminuição dos valores de pH e da PaO2 imediatamente após a extubação traqueal comparados com valores pré-operatórios, e que se manteve até a alta da SRPA. O grupo D apresentou valores maiores de PaCO2 após a extubação traqueal, comparados com valores pré-operatórios no mesmo grupo (p < 0,05), divergente do Grupo R; 41% dos pacientes do Grupo R e 60% do Grupo D (p < 0,02) requisitaram medicação analgésica de resgate no primeiro dia de pós-operatório. CONCLUSÕES: Na população avaliada, a associação de remifentanil em técnica anestésica padronizada resultou em recuperação anestésica mais rápida, manutenção dos valores de PaCO2 durante o período pós-operatório imediato e menor consumo de analgésicos de resgate no período pós-operatório, quando comparada à dexmedetomidina.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Two coadjuvant anesthetic drugs - remifentanil and dexmedetomidine - were compared in terms of anesthetic recovery, arterial pH and PaCO2 evolution, in morbidly obese patients submitted to Capella's surgery. METHODS: Participated in this prospective, randomized and double blind study 92 patients divided in two groups and submitted to standardized anesthetic technique (general/epidural). Remifentanil Group (Group R) and Dexmedetomidine Group (Group D) received continuous intravenous infusion of these drugs (0.1 µg.kg-1.min-1 and 0.5 µg.kg-1.h-1, ideal body weight plus 30% for both) immediately after tracheal intubation. Monitoring consisted of invasive mean blood pressure, pulse oximetry, BIS EEG, capnography, peripheral nerve stimulator and EKG. The following parameters were evaluated: 1) different anesthetic recovery times (eye opening, return to spontaneous ventilation, tracheal extubation time, time for post anesthetic recovery unit and hospital discharge); 2) arterial blood gas analysis evolution; and 3) postoperative analgesia. RESULTS: Evaluation was possible in 88 patients. Patients group R had earlier eye opening (9.49 ± 5.61 min versus 18.25 ± 10.24 min, p < 0.0001), faster return to spontaneous ventilation (9.78 ± 5.80 min versus 16.58 ± 6.07 min, p < 0.0001), and earlier tracheal extubation (17.93 ± 10.39 min versus 27.53 ± 13.39 min, p < 0.0001). There were no differences in times for post-anesthetic recovery unit (105.18 ± 50.82 min versus 118.69 ± 56.18 min) and hospital (51.13 ± 6.37 hours versus 52.50 ± 7.09 hours) discharge. Both groups showed arterial pH and PaO2 decrease immediately after tracheal extubation as compared to preoperative values, still present at PACU discharge. Group D patients showed higher arterial PaCO2 after tracheal extubation, as compared to preoperative values in the same group (p < 0.05), and opposed to Group R. 41% of Group R and 60% Group D patients (p < 0.02) required rescue analgesia during the first postoperative day. CONCLUSIONS: In the studied population, the association of remifentanil to standardized anesthetic technique has resulted in faster anesthetic recovery, stability of preoperative arterial PaCO2 values during the immediate postoperative period and lower postoperative rescue analgesics consumption, as compared to dexmedetomidine.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: Comparamos la acción de dos drogas coadyuvantes de la anestesia, remifentanil y dexmedetomidina, en la recuperación anestésica y en la evolución del pH y de la PaCO2, en pacientes con obesidad mórbida que fueron sometidos a cirugía de Capella. MÉTODO: El estudio fue aleatorio, prospectivo y duplamente encubierto. Noventa y dos pacientes fueron designados a uno de dos grupos y sometidos a la técnica anestésica (general/peridural) de modelo. El grupo Remifentanil (Grupo R) y el de la dexmedetomidina (Grupo D) recibieron infusión continua por vía venosa de estas drogas (0,1 µg.kg-1.min-1 y 0,5 µg.kg-1.h-1 peso ideal más 30% para ambas) luego después de la intubación traqueal. Los pacientes fueron monitorizados con presión arterial media invasiva, oximetría de pulso, BIS, capnografia, estimulador de nervio periférico y electrocardiograma. Fueron evaluados: 1) diferentes tiempos de recuperación anestésica (abertura de los ojos, reinicio de la respiración espontanea, tiempo de extubación traqueal, tiempo para el alta de la sala de recuperación pos-anestésica y hospitalar), 2) la evolución de la gasometria arterial, y 3) analgesia pos-operatoria. RESULTADOS: Ochenta y ocho pacientes fueron evaluados. Los pacientes del grupo R presentaron abertura ocular mas precoz (9,49 ± 5,61 min versus 18,25 ± 10,24 min, p < 0,0001), menor tiempo para reiniciar la ventilación espontanea (9,78 ± 5,80 min versus 16,58 ± 6,07 min, p < 0,0001), y menor tiempo para la extubación traqueal (17,93 ± 10,39 min versus 27,53 ± 13,39 min, p < 0,0001). No hubo diferencia cuanto al tiempo para el alta anestésica (105,18 ± 50,82 min versus 118,69 ± 56,18 min) y para el alta hospitalar (51,13 ± 6,37 horas versus 52,50 ± 7,09 horas). Los dos grupos presentaron disminución de los valores de pH y de la PaO2 inmediatamente después la extubación traqueal cuando comparados con los valores pre-operatorios, hasta la alta de la sala de recuperación pos-anestésica. El grupo D presentó valores mayores de PaCO2 después de la extubación traqueal, comparado con valores pre-operatorios en el mismo grupo (p < 0,05), divergente del Grupo R; 41% de los pacientes del Grupo R y 60% del Grupo D (p < 0,02) solicitaron medicación analgésica de rescate en el primer día de pos-operatorio. CONCLUSIONES: En la población evaluada, la asociación de remifentanil en técnica anestésica de modelo resultó en recuperación anestésica mas rápida, manutención de los valores de PaCO2 durante el período pos-operatorio inmediato y menor consumo de analgésicos de rescate en el período pos-operatorio, cuando comparada a la dexmedetomidina.