Tem sido demonstrado que o número de linfonodos obtidos em peças cirúrgicas de câncer colorretal é fundamental para o adequado estadiamento da doença e, consequentemente, para a obtenção de melhores resultados oncológicos. A percepção de diferenças no número de linfonodos dissecados em peças cirúrgicas de câncer colorretal pelos mesmos cirurgiões em hospitais diferentes motivou este estudo. O objetivo do presente estudo foi avaliar se há diferença no número de linfonodos e em determinados parâmetros histopatológicos em peça cirúrgica de pacientes com câncer colorretal operados por dois cirurgiões que atuam tanto em hospital universitário, como em hospital privado. MÉTODO: Foram avaliados retrospectivamente 122 pacientes, obtendo-se dados relativos a tipo de instituição (universitária versus privada), aspectos demográficos, estadiamento, localização do tumor, tipo de operação, via de acesso (aberta versus laparoscópica ), indicação de radioterapia, número de linfonodos dissecados, número de linfonodos positivos e negativos, assim como o tipo histológico, presença de invasões vascular, linfática e perineural e resposta linfocítica). RESULTADOS: Sessenta e cinco pacientes foram operados em instituição universitária e 57, em instituição privada. Não houve diferença entre os grupos quanto à idade, gênero, estadiamento, localização do tumor, indicação de radioterapia e tipo de operação. A via laparoscópica foi mais comum na instituição universitária. A mediana de linfonodos dissecados foi de 25 (P25-75: 15-34) na instituição universitária versus 15 (P25-75;12-17) (p<.0001). A média de linfonodos positivos foi de três na instituição universitária e de um na privada. O achado de 12 ou mais linfonodos foi mais comum em instituição universitária (55/64 versus 40/58; p=.024). A presença da informação de invasões linfática, vascular e perineural foi mais comum na instituição universitária. CONCLUSÃO: Mantendo a mesma técnica cirúrgica e com população comparável de pacientes, observou-se considerável diferença no número de linfonodos dissecados entre instituições universitária e privada e na apresentação de outros dados histopatológicos importantes para o estadiamento da doença e para a indicação de terapia sistêmica. O entrosamento entre a equipe cirúrgica e o patologista deve ocorrer em todos os tipos de instituições, sendo que a melhora da qualidade do exame anátomo-patológico deve ocorrer em instituições não-universitárias.
It has been demonstrated that lymph nodes harvest from surgical specimens of colorectal cancer is one of the most important features for appropriate staging of the disease and to plain the best treatment. The perception of differences in the number of harvest lymph nodes in surgical specimens of colorectal cancer by the same surgeons in different hospitals motivated this investigation. The aims of this study was to assess whether there is difference in the number of lymph nodes and some histopathological features in surgical specimens of colorectal cancer obtained by two surgeons who work both in a university hospital and in a private one. METHODS: We retrospectively evaluated 122 patients, obtaining data on the type of institution (university or private), demographic features, staging, tumor site, histological type, open or laparoscopic access, indication of radiotherapy, number of harvest lymph nodes, presence of vascular, lymphatic and neural invasions. RESULTS: Sixty-five patients were operated in a university institution and 57 in two private institutions. There was no difference between groups in terms of age, stage, tumor site, details of radiotherapy and type of operation. The laparoscopic route was more common in the university institution. The median of lymph nodes harvested was 25 (P25-75: 15-34) in the university institution and 15 in the private ones (P25-75, 12-17) (p <.0001). The finding of 12 or more lymph nodes was more common in academic institution (55/65 versus 40/57, p =. 024). The presence of information of lymphatic, vascular and perineural invasion was more common in the university institution. CONCLUSION: Keeping the same surgical technique and with comparable population of patients, there was considerable difference in the number of lymph nodes harvested between university and private institutions, as like as the report of other relevant data for the histopathological staging, which impacts indication for adjuvant therapies. The relationship between the surgical team and the pathologist should occur in all types of institutions, and the improvement of the quality of the pathological examination should occur in non-university institutions.