Resumo: Os autores investigaram a relação entre pertencimento a uma família beneficiária do programa Bolsa Família (BF) e características de saúde, e se tais relações são heterogêneas, comparando os 26 estados e Distrito Federal, Brasil. De acordo como dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, 18% dos domicílios brasileiros participavam do BF. Entre as famílias com renda per capita abaixo de R$ 500,00, havia diferenças entre diversas características de saúde, comparando pessoas de famílias beneficiárias e não beneficiárias do BF. Por exemplo, pessoas de famílias matriculadas no BF mostraram menor probabilidade de ter cobertura médica, mas maior probabilidade de haverem consultado um médico nos últimos 12 meses, além de maior probabilidade de serem fumantes e menor probabilidade de serem fisicamente ativas. Consumiam quase uma porção a menos de frutas e verduras por semana, mas tinham menor probabilidade de substituir refeições com lanches. Apresentavam pior percepção da própria saúde, mas não mostravam diferenças importantes no relato de doenças. Houve uma heterogeneidade moderada nas características de saúde em relação a algumas variáveis. Por exemplo, a cobertura de saúde mostrou um valor de I2 de 40,7%, enquanto a diferença de cobertura entre famílias com e sem BF variou entre 0,09 e -0,03. Houve diferenças qualitativas entre estados em relação a algumas doenças, tais como hipercolesterolemia, asma e artrite. Este estudo foi o primeiro a definir o perfil de saúde de pessoas em famílias beneficiárias do BF. Também é o primeiro a encontrar uma heterogeneidade geográfica na relação entre o programa e variáveis de saúde. Os resultados sugerem que o efeito de um programa de renda mínima pode variar de acordo com a população na qual é implementado.
Abstract: We investigated the relationship between living in a household that receives the Brazilian Income Transfer Program (Bolsa Família, in Portuguese - BF), a Brazilian conditional cash transfer program, and aspects of health and whether these relationships are heterogeneous across the 27 Brazilian states. According to data from the 2013 Brazilian National Health Survey, 18% of households participated in BF. Among households with household per capita income below BRL 500, many aspects of health differed between people living in BF and non-BF houses. For example, BF households were less likely to have medical coverage but more likely to have visited the doctor in the last 12 months as well as being more likely to smoke and less likely to do exercise. They ate nearly one less serving of fruits and vegetables a week but were less likely to substitute junk food for a meal. They reported worse self-rated health but did not differ importantly on reporting illnesses. Moderate amounts of heterogeneity in the difference in health characteristics were found for some variables. For instance, medical coverage had an I2 value of 40.7% and the difference in coverage between BF and non-BF households ranged from -0.09 to -0.03. Some illnesses differed qualitatively across states such as high cholesterol, asthma and arthritis. This paper is the first to outline the health profile of people living in households receiving payments from a cash transfer program. It is also the first to find geographic heterogeneity in the relationship between a cash transfer program and health variables. These results suggest the possibility that the effect of cash transfer programs may differ based on the population on which it is implemented.
Resumen: Investigamos la relación entre vivir en un hogar que recibe ayudas del programa Bolsa Familia (BF), programa brasileño de transferencia monetaria condicionada, y aspectos de salud, además de estudiar si estas relaciones son heterogéneas entre los 27 estados brasileños. De acuerdo con los datos de 2013 en la Encuesta Nacional de Salud brasileña, un 18% de los hogares participaron en BF. Entre los hogares con unos ingresos per cápita por debajo de BRL 500, muchos aspectos de salud difirieron entre la gente que vivía en hogares con BF y sin BF. Por ejemplo, los hogares con BF fueron menos propensos a contar cobertura médica, pero era más probable que hubieran visitado al doctor en los últimos 12 meses, al igual que más probabilidad de fumar y menos propensos a hacer ejercicio. Comían frutas y verduras menos de casi una vez a la semana y eran menos propensos a sustituir la comida basura por una comida. Informaban de una peor salud autoevaluada, pero no difieren significativamente respecto a las enfermedades relatadas. Se encontraron algunas variables de heterogeneidad en cantidades moderadas, respecto a la diferencia en las características de salud. Por ejemplo, la cobertura médica tenía una cobertura con un valor I2 de 40,7% y la diferencia en la cobertura entre hogares con BF y no-BF oscilaba en un rango de -0.09 a -0.03. Algunas enfermedades se diferenciaban cualitativamente entre estados como el colesterol alto, asma y artritis. Este trabajo es el primero en resaltar el perfil de salud de la gente que vive en hogares que reciben pagos del programa brasileño de transferencia monetaria condicionada. Asimismo, es el primero en encontrar una heterogeneidad geográfica en la relación entre el programa brasileño de transferencia monetaria condicionada y variables de salud. Estos resultados sugieren la posibilidad de que el efecto del programa brasileño de transferencia monetaria condicionada puede ser diferente en función de la población en la que se implementa.