RESUMO A istmocele ou nicho uterino é representada por uma descontinuidade miometrial ou um defeito anecoico triangular na parede uterina anterior, com a base se comunicando com a cavidade uterina no local de uma cicatriz anterior de cesárea. O defeito pode ser classificado como pequeno ou grande, dependendo da espessura da parede miometrial deficiente. Embora geralmente assintomático, seu principal sintoma é o sangramento uterino anormal ou pós-menstrual; a dor pélvica crônica também pode ocorrer. Infertilidade, placenta acreta ou prévia, deiscência de cicatriz, ruptura uterina e gravidez ectópica em cicatriz de cesárea prévia também podem aparecer como complicações dessa condição. Os fatores de risco para desenvolvimento da istmocele comprovados até o momento incluem útero retroverso e múltiplas cesarianas. No entanto, fatores como localização mais inferior de uma cesárea prévia, fechamento incompleto da histerotomia, aderências precoces na parede uterina e predisposição genética também podem contribuir para o desenvolvimento de um nicho. Como não existem critérios definitivos para o diagnóstico de uma istmocele, vários métodos de imagem podem ser usados para avaliar a integridade da parede uterina e, assim, diagnosticar uma istmocele. Entretanto, ultrassonografia transvaginal e sono-histerografia com infusão salina surgem como métodos específicos, sensíveis e custo-efetivos para o diagnóstico de istmocele. O tratamento inclui manejo clínico ou cirúrgico, dependendo do tamanho do defeito, da presença de sintomas, da presença de infertilidade secundária e de planos de gravidez. O manejo cirúrgico inclui abordagens minimamente invasivas como histeroscopia, laparoscopia ou transvaginal, de acordo com o tamanho do defeito.
SUMMARY An isthmocele, a cesarean scar defect or uterine niche, is any indentation representing myometrial discontinuity or a triangular anechoic defect in the anterior uterine wall, with the base communicating to the uterine cavity, at the site of a previous cesarean section scar. It can be classified as a small or large defect, depending on the wall thickness of the myometrial deficiency. Although usually asymptomatic, its primary symptom is abnormal or postmenstrual bleeding, and chronic pelvic pain may also occur. Infertility, placenta accrete or praevia, scar dehiscence, uterine rupture, and cesarean scar ectopic pregnancy may also appear as complications of this condition. The risk factors of isthmocele proven to date include retroflexed uterus and multiple cesarean sections. Nevertheless, factors such as a lower position of cesarean section, incomplete closure of the hysterotomy, early adhesions of the uterine wall and a genetic predisposition may also contribute to the development of a niche. As there are no definitive criteria for diagnosing an isthmocele, several imaging methods can be used to assess the integrity of the uterine wall and thus diagnose an isthmocele. However, transvaginal ultrasound and saline infusion sonohysterography emerge as specific, sensitive and cost-effective methods to diagnose isthmocele. The treatment includes clinical or surgical management, depending on the size of the defect, the presence of symptoms, the presence of secondary infertility and plans of childbearing. Surgical management includes minimally invasive approaches with sparing techniques such as hysteroscopic, laparoscopic or transvaginal procedures according to the defect size.